O enfraquecimento da demanda no mercado interno de carne bovina foi um dos principais fatores responsáveis pela queda nos preços da arroba. Frigoríficos, por sua vez, estão comprando de forma mais cautelosa e aguardam a virada do mês para reavaliar suas estratégias. O mercado físico do boi gordo iniciou a semana com preços em declínio, principalmente nas regiões mais importantes de produção e comercialização no Norte do Brasil. Esse cenário reflete as pressões do mercado doméstico e os desafios enfrentados no consumo de carne, que continuam a se intensificar.
De acordo com Fernando Henrique Iglesias, analista da consultoria Safras & Mercado, o enfraquecimento no preço da carne no mercado interno foi o principal impulsionador da queda na arroba. “Será fundamental observar como o consumidor de carne bovina se comportará nos primeiros meses de 2025”, afirma Iglesias.
O desempenho do mercado de exportações também terá um papel crucial. Com um dólar acima de R$ 6, as vendas externas podem ajudar a dar mais suporte ao mercado, especialmente diante da morosidade esperada no consumo interno. Para o ano de 2025, o analista Fabbri prevê um crescimento modesto de 0,7% nas exportações de carne bovina, em relação a 2024. Embora o aumento seja pequeno, ele ressalta que, dado o volume recorde de exportações, o cenário é bastante positivo.
Esse aumento nas exportações, somado à possível recuperação das condições do mercado interno, sugere que existem mais fatores de apoio do que de pressão sobre os preços da arroba no primeiro semestre de 2025.
Situação no mercado atacadista: Preços estáveis e consumo abaixo do esperado
No mercado atacadista, os preços da carne bovina mantiveram-se estáveis, refletindo um consumo que ainda não se recuperou plenamente. A preferência por proteínas mais acessíveis, especialmente no início do ano, continua sendo um desafio adicional para o setor. Os preços dos cortes de carne permanecem inalterados: o quarto traseiro está cotado a R$ 25,50 por quilo, enquanto o quarto dianteiro e a ponta de agulha seguem com preço de R$ 18,00 por quilo. Esses valores indicam uma acomodação dos preços em um ambiente de consumo mais comedido.
A Influência do câmbio nas exportações
O câmbio também tem impacto direto nesse cenário. O dólar comercial encerrou a última sessão com uma ligeira queda de 0,08%, sendo cotado a R$ 5,9123. Durante o dia, a moeda oscilou entre R$ 5,8984 e R$ 5,9559. A valorização do dólar pode ser um fator positivo para as exportações brasileiras de carne bovina, oferecendo uma compensação às dificuldades enfrentadas no mercado interno.
Vender agora ou esperar por uma nova alta nos preços da arroba?
A decisão de vender ou esperar por uma possível alta no preço da arroba envolve avaliar uma série de fatores. As indústrias frigoríficas estão lidando com preços mais baixos, mas as exportações continuam a ser um ponto de apoio, enquanto o consumo interno segue fraco. Para os pecuaristas, a melhor estratégia será aquela que alinhar melhor as expectativas de oferta e demanda nos próximos meses. Observar atentamente o comportamento do mercado interno, as exportações e as flutuações cambiais será fundamental para tomar decisões bem informadas.
Embora a expectativa seja de um cenário mais estável para os preços, com possíveis aumentos sustentados pelas exportações, a prudência e uma análise detalhada do mercado serão essenciais para os pecuaristas enfrentarem este início de 2025 de forma mais segura.
Preços médios do boi gordo nas principais praças pecuárias
São Paulo: R$ 332,42
Goiás: R$ 321,43
Minas Gerais: R$ 320,88
Mato Grosso do Sul: R$ 326,02
Mato Grosso: R$ 318,43
