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Uso racional de dejetos na adubação gera economia

Pesquisa conduzida na região Sudoeste comprova potencial dos insumos orgânicos para substituir minerais, reduzindo erosão e mantendo produtividade

O uso de dejetos de animais como fertilizantes é uma alternativa conhecida de muitos produtores rurais. Além de melhorar as propriedades do solo, a adubação orgânica vem se mostrando uma opção viável para substituir fertilizantes minerais, reduzindo os custos de produção e tornando o sistema agrícola ainda mais sustentável. Apesar da eficácia, a aplicação de dejetos exige acompanhamento, uma vez que o uso indiscriminado pode causar efeito reverso e resultar em problemas ambientais, como a contaminação de recursos hídricos.

É nesse contexto que está sendo desenvolvido o subprojeto “Monitoramento hidrossedimentológico em microparcelas com aplicação de dejetos de animais no Sudoeste do Paraná”, que faz parte da Rede de AgroPesquisa e Formação Aplicada Paraná (Rede AgroParaná), iniciativa que conta com apoio financeiro do SENAR-PR e do governo do Estado. O objetivo é avaliar o efeito do uso de dejetos na produtividade das culturas e nas perdas de solo, água e nutrientes por escoamento superficial em áreas de Sistema de Plantio Direto (SPD), no campus de Dois Vizinhos da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR).

“O Paraná é um dos Estados que mais gera dejetos, tendo em vista que é o maior produtor de proteína animal do Brasil. Os produtores já aplicam os resíduos em larga escala. O problema é que, muitas vezes, utilizam em doses acima do recomendado. Com esse monitoramento será possível orientar o manejo e reduzir os impactos ambientais”, explica Carlos Alberto Casali, professor da UTFPR e responsável pelo subprojeto.

Para esse estudo, além da Rede AgroParaná, foram firmadas parcerias com a Embrapa Suínos e Aves, cooperativa Frimesa, Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-Paraná) e Centro de Ciências Agroveterinárias (CAV) da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc-Lages).

Na área, foram instaladas calhas metálicas com três tratamentos: sem adubação; adubação mineral na linha; e adubação mineral a lanço, dejetos suíno, bovino e cama de aviário. Desde 2019, nos meses de maio e outubro, os tratamentos são aplicados nas culturas da soja e do trigo.

Nos cultivos, é avaliada a produtividade de massa da matéria seca da parte aérea e de grãos, além dos componentes de rendimento. Com a amostragem de solo da camada superficial (até 10 centímetros), também são medidos os parâmetros químicos e microbiológicos. A partir das amostras de escoamento, são avaliados o volume e a quantidade de sedimentos e nutrientes, além da caracterização química.

Resultados preliminares

Até o momento, os resultados da pesquisa apontam que houve menos escoamento superficial nos locais com aplicação de dejetos de animais. O aumento da produção de matéria seca da parte aérea gerou maior adição de resíduos nas parcelas, o que também pode amenizar o processo erosivo.

Em 25% das coletas realizadas até agora, foi verificado que o uso de dejetos diminuiu as perdas de volume escoado de solo e água, o que pode estar relacionado ao aumento da produção de biomassa vegetal, diminuindo os processos erosivos do solo e resultando em maior produtividade da cultura.

Em relação aos níveis de produtividade no período analisado até agora, um cultivo de trigo e dois de soja tiveram resultados similares, seja com adubação orgânica ou mineral. Um cultivo de soja com aplicação de fertilizantes orgânicos teve 15% a mais de produtividade em comparação ao uso de minerais.

“O fato de ter a mesma produtividade já é extremamente positivo. Isso mostra o potencial dos dejetos de animais para reduzir ou até substituir completamente a adubação mineral, sem comprometer os resultados da produção agrícola. Além de reciclar um passivo ambiental, o produtor também pode reduzir custos, ainda mais se considerarmos os preços atuais dos fertilizantes minerais”, conclui Casali.

Janaina Honorato
Janaina Honorato
Jornalista especialista em agronegócio com formação em marketing digital. Experiência de 9 anos com comunicação para o agronegócio em reportagens de TV, rádio, impresso e internet.
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