O “Top 100 2023” elaborado anualmente pela consultoria MilkPoint Ventures, divulgado em primeira mão pelo Valor Econômico mostra que a média por litro de leite subiu 26% e chegou a R$ 2,40. Desde a elaboração da primeira edição do estudo, em 2001, o aumento acumulado chega a 308%, enquanto a produção formal no país cresceu 79,75% nesse intervalo.
Embora o contexto macroeconômico siga desafiador neste ano, a expectativa desse grupo de propriedades e também de outros agentes do segmento é de diminuição da volatilidade dos preços dos insumos e também das cotações do leite.
Das 100 maiores fazendas do segmento, 45 pretendem aumentar sua produção em até 20% nos próximos três anos, 37 têm expectativa de crescer entre 20% e 50% no mesmo período, seis pretendem crescer mais do que 50% e 12 não projetam expansão.
“O aumento de custos com certeza afetou em algum grau os volumes [em 2022]. Os ‘Top 100’ vinham crescendo 10% ao ano, mas em 2022 avançaram a metade disso”, avalia Marcelo Pereira de Carvalho, CEO da MilkPoint Ventures
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a captação formal de leite no país ano passado foi de 23,85 bilhões de litros. As 100 maiores propriedades são uma amostragem pequena do total de produtores brasileiros de leite – segundo o Censo Agropecuário de 2017, havia 600 mil produtores naquele ano -, mas elas refletem uma “tendência” setorial, diz Carvalho.
“São fazendas com boa gestão e, portanto, que têm mais eficiência na compra de insumos e que conseguem preços de venda acima da média nacional. Isso cria uma perspectiva de investimento de longo prazo para os grupos”.
As propriedades, prossegue Carvalho, mostram alta produtividade oriunda de sistemas confinados e indicam, também, um retrato da consolidação de “clusters” de produção. Nessa lista estão, entre outros, os polos dos Campos Gerais (PR), Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba (MG) e o Sul de Goiás.
Individualmente, as maiores fazendas produtoras de leite do ano passado foram a Colorado (dona da marca Xandô), de Araras (SP); a Melkstad, de Carambeí (PR); e a São José, de Tapiratiba (SP), nessa ordem. Na primeira colocada, que ocupa a liderança pelo décimo ano consecutivo, a produção média diária aumentou 8,5%, chegando a 92,6 mil litros (ver tabela).
Em outro recorte, o levantamento mostra que os Estados do Sudeste ainda lideram a produção de leite no país. A região concentra 51 das 100 maiores propriedades do segmento. Somadas, elas produziram 506,5 milhões de litros no ano passado, ou o equivalente a 52% do volume total.
Ainda que a representatividade do Sudeste seja alta, a cidade que reúne mais fazendas participantes do ranking é a paranaense Carambeí. As sete propriedades do município que aparecem na lista renderam 91,2 milhões de litros no ano passado, somando quase 11% do volume das 100 líderes nacionais.
Entre as raças, a holandesa está em 75% das propriedades, seguida pela girolando, com 22%.