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Terminação Intensiva a Pasto (TIP): técnica ganha espaço na pecuária brasileira

Terminação Intensiva a Pasto (TIP): técnica ganha espaço na pecuária brasileira

O Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) promoveu na última semana, a live “Terminação Intensiva a Pasto (TIP): o que o produtor precisa saber para ter sucesso nessa técnica?”.

O encontro contou com a participação de pesquisadores, técnicos e foi moderado pelo assessor técnico do Senar, Gabriel Sakita, que analisa para o Safras News essa técnica, que é relativamente nova, mas que ganhou muito espaço nos sistemas de terminação de bovinos a pasto.

“A Terminação intensiva a pasto emprega o conceito do confinamento, só que usa animais no pasto, no ambiente deles. A diferença é que no confinamento você teria que planejar a sua oferta de volumoso, no caso uma silagem de milho, um bagaço de cana, uma silagem de capim e etc, teria que produzir ou comprar esse volumoso, e na TIP não, o volumoso ou a fonte de volumoso é o próprio pasto. Você vai fornecer a mesma quantidade de comida, que é em torno de 1,5 a 2% do peso do animal vivo, o restante da dieta ele vai adquirir através do pasto, que vai manter a saúde ruminal e bem-estar animal”.

Em período de seca, a terminação a pasto tem certo nível de dificuldade devido à falta de chuvas. Mas, existem alternativas para amenizar o problema que é um fator limitante na propriedade. O semiconfinamento a pasto é o conceito onde se oferece a mesma quantidade de ração para o gado confinado, mas em pastagem. Nesse processo, existe a vantagem da praticidade. É um método simples, com manejo diário. Dentro do pasto, com ração, é possível realizar a fase de terminação de forma eficiente.

Segundo os consultores, a TIP seria uma evolução do semiconfinamento, com a importância de diferenciar o período das águas e da seca para definir o concentrado fornecido que, na média, deve ficar entre 1,5 a 2% do peso vivo dos animais. Se a técnica for bem aplicada e trabalhada, os ganhos conquistados em termos de produção em carcaça são muito próximos aos do confinamento.

Para eles, o pecuarista precisa esperar o seguinte desempenho do animal, dentro do sistema de TIP: ganho de peso (1,2 kg a 1,3 kg/dia), ganho em carcaça (0,9 a 1,1 kg/dia), rendimento de ganho (70 a 75%) e período de terminação (90 a 120 dias).

Bem-estar animal e Sustentabilidade

Há casos, em que a taxa de abate chega a 100%, ou seja, todos os animais produzidos ou adquiridos vão para o gancho do frigorífico dentro do próprio ano, especialmente quando se associa a TIP com a recria intensiva. Fazendas bem estruturadas já conseguem lucrar mais de R$ 1.000/ha com a tecnologia, uma lucratividade excelente para a pecuária de corte. Além disso, os animais são mantidos sempre a pasto, o que lhes garante maior nível de bem-estar, técnica que alinha as tendências de pecuária sustentável ao aumento de produtividade.

“A gente está falando do ambiente que o animal vive desde quando ele nasceu, que é a pastagem, então o bem-estar dele é diferente, é muito maior. Tem vários benefícios: melhor desempenho, melhor qualidade do produto, no caso a carne”, aponta Gabriel Sakita.

Implantação

A técnica vem ganhando espaço nas propriedades, por ser de fácil implantação e de bom retorno. De acordo com os especialistas, até propriedades que já adotam o confinamento convencional, para aumentar mais a produção separam algumas áreas pra utilizar a TIP.

“Os altos custos de produção, as margens dos produtores cada vez menores, então tem a necessidade de intensificar, produzindo mais arroba por hectare, porque vemos a expansão da agricultura, principalmente da soja, muitos produtores estão saindo da pecuária e cedendo suas terras pra atividade agrícola. E a TIP é uma oportunidade para o produtor aumentar a sua produtividade com essa técnica”, pondera o assessor técnico do Senar.

Giro maior de animais

Segundo Sakita, como uso da TIP dá para diminuir em 50%, o tempo dos animais no ambiente de engorda, o que relativamente reduz os custos de produção.

“Às vezes uma terminação normal a pasto, ela dura em torno de sete estendendo até nove meses, com a TIP você consegue engordar os animais em torno de três a quatro meses, ou seja, você reduz pela metade o tempo de engorda desses animais. Na terminação convencional a pasto você consegue fazer um ciclo [ao ano] e na TIP, você consegue fazer dois, ou seja, você aumenta o giro da propriedade, além de otimizar o uso da terra, porque você está colocando o maior número de animais por hectare e produzindo mais arroba. Isso faz com que o produtor consiga ficar mais competitivo”.

Aproveitamento de Animais

Para os analistas, durante a live da CNA, até as vacas que antes iam para descarte, por não se adaptarem ao confinamento, dentro da técnica de TIP, podem ser aproveitadas.

“A vaca pra descarte tem um ambiente melhor de engorda na terminação intensiva a pasto, porque se há um lote de vacas que você coloca, uma não quer ir comer no cocho, mas ela tem a alternativa de pasto pra comer, no caso do confinamento, se ela não for no cocho ela vai ficar debilitada e terá que ser retirada do ambiente”, afirma Gabriel Sakita.

Viabilidade da TIP

Na análise, grandes produtores rurais e pequenos, conseguem implementar a técnica.
“É uma técnica muito democrática, produtor que tem ali 10 a 20 cabeças pra engordar, ele consegue, porque a implantação é muito barata comparada à estrutura do confinamento. No confinamento você precisa ter escala, porque o investimento é alto e com a TIP não. Você precisa de um cocho bem estruturado, você pode aproveitar uma estrutura que você já tenha na propriedade”.

Capacitação Técnica

O Senar atua na Formação Profissional Rural, quanto com a Assistência Técnica e Gerencial, que são instrutores e técnicos de campo que tem conhecimento, para capacitar produtores e trabalhadores rurais a atuar em diversas áreas.

“O Senar na administração central, há quatro meses lançamos um minicurso de Terminação Intensiva a Pasto. É um curso de duas horas, relativamente curto, quem tiver interesse pode se inscrever, é gratuito e tem a orientação técnica, desde como implantar a TIP, manejo, operacional e viabilidade.”

Como Participar?

O curso está disponível na plataforma de EAD do Senar ead.senar.org.br. O produtor pode fazer sua inscrição e acessar a programação completa pelo link https://ead.senar.org.br/minicurso/terminacao-intensiva-a-pasto-tip-2.

Depois da inscrição, o aluno tem sete dias pra finalizar esse curso. A próxima turma já começa no dia 03/08/2022.

Cursos e Conteúdos Gratuitos

O Senar Goiás conta com 108 cursos de pecuária, agricultura, segurança, totalmente online e gratuitos. Para conhecer mais ead.senar.org.br.

E ainda tem uma sequência de cartilhas explicativas sobre o setor do agronegócio, que podem ser acessadas pelo www.cnabrasil.org.br/senar/colecao-senar.

Debate da CNA sobre a TIP

Durante a live foram debatidos conceitos e recomendações de campo. Os participantes também analisaram pontos como infraestrutura, categoria animal, dieta, adaptação, dias de cocho, ajustes de consumo, rotinas de trato e manejo e custos, entre outros.

Para assistir a live completa da CNA, clique abaixo:

Janaina Honorato
Janaina Honorato
Jornalista especialista em agronegócio com formação em marketing digital. Experiência de 9 anos com comunicação para o agronegócio em reportagens de TV, rádio, impresso e internet.
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