O aumento do uso de drones ou VANTs (veículo aéreo não-tripulado) no setor agropecuário é visível pelos campos brasileiros. Sua versatilidade é uma das principais vantagens, aliada à resposta rápida, detalhamento de imagens, maior precisão de dados e menor tempo na execução das atividades rurais.
Na agricultura, é possível utilizar o equipamento para verificação de falhas de plantio, levantamento de curvas de nível, monitoramento de doenças e pragas, pulverização de defensivos, levantamento de plantas por área, dentre outras possibilidades.
Já na pecuária, podem ser utilizados na contagem de animais, o levantamento de pastagens por área, a avaliação do suprimento animal e o monitoramento sanitário.
Além do uso em aplicações ambientais, como no acompanhamento de focos de incêndios e desmatamento.
O uso desses equipamentos tornou o acesso à tecnologia mais democrático, podendo ser usados de pequenas a grandes propriedades rurais e em vários setores do agronegócio.
Para seu manusear, a engenheira agrônoma Jaqueline Alves da Silva, da empresa da Agronômica: Projetos e Consultoria Agropecuária, reforça a necessidade de treinamento específico, com instruções sobre normas e leis, modelos de equipamento, funcionalidades e parâmetros de operação e, sobretudo, “sobre a responsabilidade que é a operação de drones ou VANTs. A oferta de capacitação acompanhou os elevados índices de adoção, mas a responsabilidade de uso se mantém”.
Plantas daninhas
O aporte da agricultura de precisão também chegou para o combate a plantas daninhas. Com equipamentos adequados é possível fazer o controle mecânico somado ao sistema plantio direto de plantas espontâneas.
“O equipamento faz o controle sobre a palhada, nas entrelinhas, sem o revolvimento do solo, garantindo cobertura e melhorando a estrutura físico-química do solo, facilitando assim o manejo por parte do produtor”, afirma o agroecólogo Maicon Reginatto.
Apesar do custo, mesmo adaptado com engrenagens nacionais, Reginatto enfatiza que o benefício se paga, a começar pela redução dos custos e ausência de aplicação de herbicidas para combater as plantas daninhas. Como sugestão, ele indica a compra por associações e cooperativas de agricultores, barateamento o uso desses implementos, otimizando a atividade.
Controle de carrapato
Apesar dos avanços, ainda não há precisão para o controle de carrapatos, por isso o pesquisador Renato Andreotti, da Embrapa (Campo Grande-MS), reforça a opção pelo controle estratégico dos carrapatos em bovinos.
Para a produção familiar, que maneja bovinos para a atividade leiteira e com maior sensibilidade ao parasita, Andreotti aponta que a aplicação do tratamento químico deve seguir uma estratégia, como a época adequada do ano – final do período seco – e utilizar os carrapaticidas nos animais para controlar o carrapato na pastagem. Observações, aparentemente, simples, mas que impactam na propriedade.
O médico-veterinário explica que a eficiência e a eficácia dos produtos passam por retardar a resistência dos carrapatos aos carrapaticidas. Para isso, a Embrapa disponibiliza bioensaios que testam a resistência de determinada população de carrapatos aos produtos, dentro da propriedade rural. Com resultados em mãos, o agricultor familiar pode desenhar a estratégia de controle com mais assertividade.
Essa conclusão foi feita pelos agricultores e estudantes Alexandre Euclides e Allex de Souza de Itaquiraí (MS). “É impressionante também os prejuízos causados pelos carrapatos na pele dos animais e sua capacidade reprodutiva”, alerta Euclides e “como o uso prolongado dos produtos pode piorar a situação da fazenda, sendo necessário o manejo correto para controlar a população”, completa Souza.
Tecnofam
Esses três temas estão presentes na edição 2022 da Tecnofam – Tecnologias e conhecimentos para a agricultura familiar – em forma de dinâmicas e oficinas. A feira acontece esta semana em Dourados (MS).
A Tecnofam é uma promoção da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), por meio da Unidade da Embrapa Agropecuária Oeste (Dourados/MS). O evento é uma realização de órgãos públicos estaduais e municipais, e de entidades privadas como a Associação de Produtores Orgânicos de Mato Grosso do Sul (Apoms), o Sebrae/MS, Senar/MS e Sindicato Rural de Dourados.
O evento conta com apoio da Cooperativa de Crédito Cresol, Cooperativa de Crédito Sicredi, Fundação Apoio à Pesquisa e ao Desenvolvimento (Faped), Organização das Cooperativas Brasileiras no Mato Grosso do Sul (Sistema OCB/MS) e agencias de apoio ao desenvolvimento da região.