A soja é uma leguminosa, assim como o feijão, a lentilha e a ervilha. É um grão rico em proteínas, fibras, óleos, carboidratos e vitaminas, que é cultivado como alimento humano, animal e como matéria-prima de uma infinidade de produtos.
É considerada um dos grãos mais importantes do mundo, sendo a principal cultura agrícola das propriedades brasileiras, que plantam a cultura na chamada safra de verão, de setembro a dezembro, por conta das suas características e do clima.
História
A soja é originária da China, os primeiros relatos do grão como alimento são de mais de 5 mil anos, feitos pelo imperador chinês Shen-nung, considerado o “pai” da agricultura chinesa, que deu início ao cultivo como alternativa ao abate de animais.
Mesmo sendo conhecida e consumida pelos orientais por milhares de anos, só chegou à Europa no final do século XV, sendo usada nos jardins botânicos da Inglaterra, França e Alemanha. Na segunda década do século XX, o teor de óleo e proteína do grão começa a despertar o interesse das indústrias mundiais.
A soja plantada no Brasil é diferente das plantas rasteiras selvagens que se desenvolviam ao longo dos rios e lagos chineses. No final da década de 60, a soja surgia como uma opção de verão, em sucessão ao trigo plantado no inverno. Paralelo a isso, o país também iniciava um esforço para produção de suínos e aves, gerando demanda por farelo de soja.
A explosão do preço da soja no mercado mundial, em meados de 1970, desperta ainda mais os agricultores e o próprio governo brasileiro. A partir daí, o país passou a investir em tecnologia para adaptação às condições brasileiras, através da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
“Com trabalhos de melhoramento genético da Embrapa, a soja se tornou uma cultura que produz mais com um ciclo mais curto, proporcionando uma segunda safra. Graças à pesquisa se teve benefícios econômicos e sociais, com a intensificação da produção e da pesquisa, proporcionou alimentar muita gente em menos área, o que é sustentável”, afirma Odilon Lemos pesquisador da Embrapa Soja e Supervisor do Núcleo da Soja em Goiás.
Pesquisas como o desenvolvimento de cultivares se habituassem as condições climáticas e o sistema plantio direto. Fato, que proporcionou o aumento da área de produção no Brasil, principalmente para o Centro-Oeste, Nordeste e Norte.
“Com as pesquisas de genética da cultura com variedades adaptadas, da correção do solo, do clima, foi proporcionado que a soja fosse ocupando outras áreas com boas produtividades. Os produtores que vieram do Sul para a região central, vieram plantar soja, se estabeleceram, fundaram cidades com suas famílias, gerando empregos. A soja é uma base desse desenvolvimento, com cidades muito bem estruturadas, como Rio Verde e Jataí em Goiás. Ela traz benefício econômico e social”, conta o pesquisador.
Produção
Em comparação a outras culturas agrícolas, a soja é a cultura com maior participação do valor de produção e uma das principais culturas em extensão territorial, sendo que nesta safra (2021/2022), foram cultivados 40.950,6 mil hectares da oleaginosa no Brasil, segundo último levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento.
Principais Subprodutos da soja
Claro que a liderança da soja na agricultura brasileira vem do seu retorno econômico aos agricultores, mas porque existe demanda, já que o grão é muito versátil como matéria-prima de outros produtos ou como uso direto.
Do chamado complexo soja (grão, óleo e farelo) são transformados em uma infinidade de produtos alimentícios, cosméticos, farmacêuticos, veterinários, adesivos, adubos, formulador de espumas, revestimento, combustível, tintas, plásticos.
“É uma infinidade de produtos à base de soja, mas os principais são: o farelo, o óleo e o biodiesel. Inclusive tem indústrias que extraem os produtos da soja e utiliza em vários produtos alimentares e não alimentares”, aponta o pesquisador da Embrapa Soja.
Farelo de soja: rica fonte de proteína, usada em rações para diferentes animais: bovinos, suínos, aves, equinos e também na linha PET. Tem grande valor na pecuária.
Farinha de soja: muito presente na produção de pães, tortas, bolos e outros produtos da indústria de panificação. Também serve como uma substituição em ingredientes de origem animal.
Óleo de soja: produção de óleo refinado, gorduras hidrogenadas, margarinas, maionese dentre outros. Também usado em produtos industriais como tintas, borracha, lubrificantes, solventes, plásticos e resinas.
Cosméticos: usa-se o derivado da soja conhecido como a lecitina, um composto orgânico formado por um ou mais ácidos graxos. É usado na composição de pomadas e cremes, que ajudam a evitar o ressecamento da pele humana; além de shampoos e artigos de maquiagem.
Farmacêuticos: o grão de soja contém grandes quantidades de isoflavonas, substância que reduz a degradação do tecido e do colágeno na pele, combatendo os radicais livres e ajudando na prevenção do envelhecimento. É usado em cápsulas contendo extrato de soja, além disso, algumas proteínas da soja oferecem benefícios comprovados na diminuição dos sintomas negativos da menopausa.
Leite de soja (extrato proteico de soja): possui quase os mesmos teores de proteína do leite de vaca, com a vantagem de não possuir lactose, sendo ideal para pessoas intolerantes. Opção para promover substituições no mercado de dieta vegana.
Carne de soja (proteína texturizada de soja): é representada pela polpa da soja, que é transformada em farelo desengordurado de soja, que depois de moído e texturizado origina-se o floco. Conhecida também como carne vegetal, o alimento pode ser consumido como prato principal ou integrar preparações ricas em nutrientes e de fácil preparo.
Papel econômico e social da soja
Segundo a Embrapa Soja, um de cada quatro dólares exportados pelo complexo agroindustrial brasileiro provém da soja, fato que comprova a importância da arrecadação do complexo da soja no agronegócio do país. Sendo assim, a crescente demanda da soja, impulsionada pela versatilidade do grão, tem intensificado sua produção no país.
Se demanda mais produção de soja, a importância da cultura vai além, já que a cadeia desempenha papel social essencial no Brasil, empregando milhares de pessoas direta ou indiretamente ao cultivo da soja, que contribuem para a economia local e regional, gerando desenvolvimento do país.
Segundo a Aprosoja Brasil, estima-se que a cadeia produtiva da soja reúna no país mais de 243 mil produtores e um mercado de 1,4 milhões de empregos. Além disso, movimenta US$ 100 bilhões/ano no Brasil assim distribuídos: 11% antes da porteira (com aquisição de insumos); 26% dentro da porteira (na produção) e 63% com beneficiamento (logística, comércio e exportações).
“A soja movimenta não só a parte agrícola, no campo, mas também na indústria das cidades, com a transformação dos produtos, com geração de empregos e renda. Movimenta a cadeia de insumos antes da porteira, movimenta a cadeia de maquinários dentro da porteira, movimenta a indústria, o comércio, a cadeia de serviços, depois da porteira. Movimenta a economia. Há muitos benefícios da cultura”, ressalta Odilon.
Soja em Goiás
Dados do último levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), divulgado em julho, estima que Goiás produza 16 milhões de toneladas de soja na safra 2021/2022, o que representa aumento de 10,2% em relação à safra anterior.
O grão representa 51,3% (US$ 8,8 bilhões) de tudo o que foi comercializado pelo Estado para fora do país, de janeiro a julho de 2022, tornando Goiás segundo maior exportador da cultura no Brasil, atrás apenas do Mato Grosso. Os dados são da Comex Stat atualizados pelo Ministério da Economia.
A Pesquisa de Soja em Goiás
A Embrapa Soja possui equipe multidisciplinar de pesquisas em Goiás, chamada de Núcleo da Soja, que atua com programa de desenvolvimento de cultivares adaptadas da cultura para a região central do Brasil, focando em produtividade e resistência à doenças e ao clima, suprindo as principais demandas do produtor.
“Essa pesquisa da soja continua sempre, como a utilização de insumos, eficiência desses insumos, o uso de defensivos biológicos com microrganismos, melhorando a qualidade do ambiente de produção, produzindo cada vez mais em um mês área, mitigando a abertura de novas áreas, para produzir alimentos que atendam a população crescente. População brasileira que precisa valorizar essa cultura que gera tantos benefícios para nós”, explica Odilon Lemos pesquisador da Embrapa Soja e Supervisor do Núcleo da Soja em Goiás.