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Sistema de Classificação de Terras para Irrigação ganha versão nacional

Embrapa Solos (RJ) desenvolveu um sistema de classificação de terras para irrigação adaptado às condições brasileiras que foi expandido recentemente para todo o território nacional. Criado inicialmente para a região do Semiárido, em parceria com a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), o Sistema Brasileiro de Classificação de Terras para Irrigação (SiBCTI) é fundamental para subsidiar a seleção de áreas agrícolas irrigáveis, a fim de maximizar o retorno econômico, mas sem perder de vista a exploração sustentável dos recursos naturais.

A metodologia do SiBCTI permite definir a potencialidade de um ambiente para desenvolver culturas agrícolas sob determinada tecnologia de irrigação, classificando a aptidão e o potencial das terras para essa finalidade. A partir dessa metodologia, foi desenvolvido um software que está habilitado a fornecer informações, em todos os biomas brasileiros, para as culturas de acerola, goiaba, banana, manga, cana-de-açúcar, melancia, cebola, melão, coco, milho, feijão, uva, capim-elefante e café arábica. As culturas da soja e do arroz devem ser acrescentadas ao sistema em breve.

O pesquisador da Embrapa Solos (RJ) Fernando Cézar do Amaral, idealizador do projeto do SiBCTI, explica que o sistema está estruturado em planos de informação. Um deles inclui as variáveis relacionadas às características de várias plantas. Outro grupo reúne dados sobre qualidade e custo de captação da água de irrigação e considera os principais sistemas de irrigação utilizados. “A classificação é feita analisando as limitações do ambiente, especificamente a cada cultura vegetal e a cada sistema de irrigação. A metodologia conta ainda com uma classificação generalizada, que se aplica bem aos estudos de pré-viabilidade e a levantamentos de solo, de menor escala ou mais generalizados”, detalha o cientista.

Acompanha o SiBCTI um programa de computador desenvolvido em linguagem Java, com interface web, acessível a partir de qualquer plataforma, que facilita a obtenção da classificação do ambiente pelo usuário. Destinado principalmente a gestores e técnicos da área agrícola, professores e consultores, o software ajuda a planejar, revisar ou adequar projetos de irrigação a serem desenvolvidos ou já implantados, no intuito de otimizar a escolha das áreas agrícolas. Um curso on-line gratuito, oferecido de forma contínua pela Embrapa Solos, ensina a operacionalizar o programa.

De acordo com o pesquisador da Embrapa Silvio Tavares, com o adequado uso do sistema, é possível evitar que terras que não possuam aptidão para irrigação sejam incluídas no processo produtivo, minimizando o impacto ambiental e a perda de recursos financeiros. Por outro lado, a partir do embasamento em uma avaliação afinada com as características do ambiente, o SiBCTI permite que áreas antes consideradas “não irrigáveis” possam ser classificadas como “aptas à irrigação”.

“O sistema também possibilita o uso racional da água nos processos de irrigação, além de prevenir a salinização dos solos manejados, um grave problema ambiental e econômico, especialmente no Semiárido”, acrescenta.

Curso gratuito para ensinar a operar software do SiBCTI

Desde dezembro de 2021, está disponível o curso a distância que ensina a utilizar o software do SiBCTI, oferecido pela plataforma e-Campo do Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) da Embrapa. As inscrições são gratuitas e as aulas podem ser assistidas a qualquer momento, seja no computador, tablet ou celular (acesse aqui).

Com carga horária de 40 horas, o curso é autoinstrucional, permitindo que o usuário siga seu próprio ritmo, oferecendo flexibilidade nos estudos.

É destinado principalmente a profissionais e estudantes das diversas áreas da engenharia, técnicos agrícolas, agentes de transferência de tecnologia e de assistência técnica, projetistas de irrigação, tomadores de decisões dos setores público e privado, consultores técnicos e planejadores agrícolas.

Como funciona o SiBCTI?

O SiBCTI é um sistema especialista de tomada de decisão, cujo elemento principal é a informação. Seu objetivo é armazenar e tratar os dados fornecidos pelo próprio usuário do sistema para entregar a classificação automática da terra para fins de irrigação.

De acordo com Amaral, com apenas alguns cliques de escolha de campos e alguns dados de entrada, o usuário final insere as informações solicitadas pelo sistema em algumas telas. Estando sem pendências e sem valores anormais, o programa cruza todos os dados relacionados aos diferentes planos de informação (solo x cultura vegetal x qualidade e custo da água x sistema de irrigação) e apresenta a classificação final indicada para aquela situação apresentada pelo usuário.

O pesquisador explica que as informações solicitadas são 18 parâmetros relacionados ao solo, como profundidade, quantidade de cálcio e magnésio, pH do solo medido em água, capacidade de água disponível, condutividade elétrica, mineralogia da argila, posição na paisagem, topografia, condutividade hidráulica, velocidade de infiltração básica, pedregosidade e rochosidade; além de sete parâmetros relacionados à qualidade e ao custo de captação da água para irrigação, como condutividade elétrica, relação ou razão de adsorção de sódio, distância de captação d’água e presença de boro, ferro e cloreto.

A operação do sistema exige conhecimentos técnicos, e para facilitar a vida do usuário a equipe da Embrapa Solos elaborou um manual de métodos dos parâmetros exigidos pelo sistema e um documento que detalha os valores e intervalos de todos os parâmetros solicitados pelo software por cultura agrícola e método de irrigação.

Janaina Honorato
Janaina Honorato
Jornalista especialista em agronegócio com formação em marketing digital. Experiência de 9 anos com comunicação para o agronegócio em reportagens de TV, rádio, impresso e internet.
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