Protagonista no cardápio da Páscoa, o tradicional bacalhau teve aumento de preço de importação de consideráveis 86% em dólar, comparado ao mesmo período de 2022.
Os dados são da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Com a variação, houve queda de quase 40% nas importações nesta páscoa. Para especialistas em economia, a diminuição da oferta pode encarecer ainda mais o produto para o consumidor, com possibilidade de grandes variações de preço de acordo com a região do país.
Segundo o especialista, o consumidor tem procurado versões mais baratas dos produtos para o almoço de Páscoa, mas precisa ficar atento à variação de preços nos dias que antecedem a data, pois os valores podem oscilar bastante de um estabelecimento para outro.
Unidades do Procon de diferentes regiões do país divulgaram pesquisas de preços, com alertas aos consumidores.
Em Goiás, o Procon identificou a maior variação de preços no quilo do bacalhau saithe. A diferença do valor entre estabelecimentos atingiu 332,38%, variando entre R$ 34,90 e R$ 150,90.
Curiosidades sobre o Bacalhau
Que o bacalhau é um prato símbolo da Páscoa, ninguém discute. Se alguém já viu a cabeça do peixe, já é outra história.
A brincadeira faz parte do folclore da gastronomia brasileira e povoa a imaginação do consumidor, mas a explicação para o pescado ser vendido sempre sem cabeça no Brasil é mais simples do que parece.
De acordo com o Conselho Norueguês de Pesca no Brasil, na Noruega (principal exportador de bacalhau para nosso país) a cabeça do peixe já é cortada no próprio barco, em alto-mar, e depois, vendida com outros miúdos do peixe. O destino é principalmente a África.
Outra confusão comum é acreditar que bacalhau é uma espécie de peixe, quando, na verdade, trata-se do nome dado pelos portugueses à técnica de salga e secagem de peixes, geralmente de cinco espécies diferentes.
A Proteste, Associação Brasileira de Defesa do Consumidor, informa, inclusive, que a espécie do peixe salgado e seco (bacalhau) deve ser informada em etiqueta de venda, para clareza do consumidor, uma vez que os preços variam bastante de uma para a outra.
A legislação brasileira só considera duas espécies como bacalhau: gadus morhua, pescado na Noruega (Atlântico) e gadus macrocephalus, do norte do Pacífico.
Ambos têm carne clara, postas altas, de 4 cm a 5 cm, e se separam em lascas definidas depois de cozidos. No entanto, o gadus morhua é a grande estrela na gastronomia, segundo Eduardo Chiappetta, do Empório Chiappetta, tradicional comércio do Mercado Municipal de São Paulo.
“O gadus morhua possui textura mais suculenta, com resistência especial ao ser provado. Se desmancha de maneira uniforme quando bem preparado”, diz.
Outras três espécies são importadas da Noruega, e informalmente consideradas como bacalhau, por passarem por processo idêntico de salga no país de origem. São o saithe, o ling e o zarbo, todos da família do gadus morhua.