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Produtor rural de Goiás cultiva grãos e cria animais em sistema sustentável

Fazenda de Jataí é autossuficiente em energia, investe em defensivos biológicos e aproveita dejetos para irrigação das lavouras

Alessandro Romio, é italiano, formado em Mecânica. A família tinha uma fazenda de 100 hectares na Itália e foi nela, que o agora produtor rural, despertou sua paixão pelo agronegócio. A família também possuía uma propriedade com outros sócios no estado de Goiás, região central do Brasil, mas haviam alguns empecilhos em gerenciar o negócio de outro país.

Alessandro veio visitar a fazenda, com a intenção de vender, mas no final viu que o negócio não dava retorno, por conta de má administração. Ele convenceu a família que poderia cuidar da propriedade, vindo morar em solo brasileiro por dois anos, como uma experiência. Mas a ideia deu tão certo, que hoje, Alessandro só retorna à Itália para passear.

Vinte anos de experiência gerindo a Fazenda Agropecuária Rio Paraíso, que fica em Jataí, sudoeste de Goiás, mostrando como praticar uma boa gestão e estar antenado com as novidades, transformaram um negócio que seria vendido, em um dos mais lucrativos da empresa familiar. Rentabilidade, que desde o começo, foi trabalhada por Alessandro, pensando na sustentabilidade social, ambiental e econômica.

A propriedade tem mais de 8 mil hectares, onde são cultivados soja, milho segunda safra e cana-de-açúcar. Na pecuária, há criação de bovinos de recria e engorda em confinamento, além de uma granja de suínos. Toda essa dinâmica de produção, passou a operar em um ciclo virtuoso, onde a operação foi otimizada e houve redução de custos.

Ao fundo, motor a biogás produzindo energia proveniente dos “balões” de dejetos dos suínos. Foto: Arquivo Pessoal.

Incluindo a utilização de dejetos dos animais para adubação das lavouras. O que a granja de suínos produz, é utilizado nas pastagens e ainda com um sistema de biodigestor se consegue um gás que abastece algumas máquinas, ao invés de usar diesel ou gasolina.

Placas de energia solar instaladas na fazenda. Foto: Arquivo Pessoal

Além disso, há também a produção de energia fotovoltaica e hidrelétrica, que tornou a fazenda autossuficiente em produção de energia.

“Nossa produção agrícola numa parte da área fazemos soja e milho segunda safra, em outra parte da propriedade produzimos cana-de-açúcar. Fazemos rotação de cultura que melhora os resultados. Usamos a vinhaça da cana na fertirrigação das lavouras, ajudando na redução do uso de adubos químicos. Temos uma área de pastagens onde desenvolvemos bovinocultura de recria e engorda dos animais em confinamento. Recolhemos esse dejeto também dos animais e vai para adubar o pasto, de forma orgânica. Gera uma economia circular, porque o resíduo de uma atividade ajuda na outra”, afirma Alessandro Romio, produtor rural.

São várias as iniciativas para produzir em escala comercial e ainda preservar o meio ambiente. Uma das principais é o cuidado com o solo. “Vem do solo os produtos que produzimos, então nós produtores respeitamos o solo, usando pesquisas, sistemas de tratamento, uma semente com genética boa, usando o plantio direto que o protege da erosão e da radiação. Praticamos a Integração Lavoura-Pecuária, para melhorar o rendimento.”

Biofábrica

Alessandro Romio em frente à biofábrica da propriedade. Foto: Arquivo Pessoal

Na propriedade foi construída uma biofábrica para multiplicação de bactérias e fungos, produtos que combatem as pragas e doenças das lavouras. Os defensivos biológicos reduzem a utilização e os custos dos defensivos químicos.

“Produzimos bactérias substituindo produtos químicos, praticamente há 4 anos, usamos só produtos biológicos. A redução de custo mais ou menos é de 15% em uma média, no plantio de soja e milho. Na parte de uso de produtos biológicos, ele não te dá resultado de maior produtividade de uma forma imediata, é um processo, mas diria que depois de uns 4 a 5 anos se percebe que na produtividade você tem melhoria”, pontua.

Preservação

Alessandro faz questão de ressaltar a preservação da natureza ao redor da propriedade, que é exercida com toda legalidade.

“Temos 20% de Área Preservada, temos mais de 20 nascentes dentro da propriedade preservadas com mata ciliar de acordo com o tamanho do córrego. Isso tudo nós fazemos com a maior serenidade sabendo que é o certo. Nós produtores somos os guardiões das reservas, porque fica dentro da nossa propriedade. Essa imagem que produtor desmata é distorcida, porque nós preservamos”, salienta.

E o recado para o futuro é esse, fazer o mundo entender que o produtor rural brasileiro, cumpre com a lei não só por obrigação para comercializar seus produtos, mas também por consciência e valorização, de que o solo onde ele está só será produtivo, se o trabalho for feito em harmonia com os recursos naturais. Tendência que não só vai preservar o meio ambiente, mas garantir a perpetuidade dos negócios rurais no Brasil.

“Quanto mais cedo trabalhar com tecnologias sustentáveis, biológicas e usar isso para reduzir custos, preservar o meio ambiente é melhor. Essa parte de ESG, o produtor rural brasileiro já faz. Quem quer ficar na atividade com rentabilidade cumprindo papel social, ambiental e econômico, tem que acontecer de forma natural desenvolvendo buscando soluções para produzir e preservar. Se você cuidar bem do solo, por longos anos vai colher frutos”, analisa Alessandro Romio, produtor rural.

Janaina Honorato
Janaina Honorato
Jornalista especialista em agronegócio com formação em marketing digital. Experiência de 9 anos com comunicação para o agronegócio em reportagens de TV, rádio, impresso e internet.
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