A Agência Goiana de Defesa Agropecuária (Agrodefesa) emitiu um alerta à população de Goiás sobre a necessidade de atenção redobrada aos sinais da gripe aviária, também conhecida como influenza aviária de alta patogenicidade (IAAP). Embora nenhum caso tenha sido registrado no estado até o momento, a presença de aves migratórias e os recentes surtos internacionais da doença aumentam a preocupação entre produtores rurais, criadores de aves de fundo de quintal e a sociedade em geral. O vírus H5N1, responsável pela doença, já foi detectado em diversas regiões do mundo, com casos de contaminação humana registrados nos Estados Unidos, incluindo um óbito.
A gripe aviária é uma doença viral altamente contagiosa que afeta aves domésticas e silvestres, podendo causar mortalidade significativa entre os animais. Em aves, os sinais clínicos incluem problemas respiratórios, como tosse, espirros e secreção nasal, além de alterações físicas, como hematomas nas pernas e edemas na crista e barbela, que podem adquirir uma coloração roxa-azulada. Também são observados sintomas neurológicos, como falta de coordenação e movimentos circulares. Em aves de postura, pode ocorrer redução na produção de ovos e alterações nas cascas.
Goiás em alerta
O presidente da Agrodefesa, José Ricardo Caixeta Ramos, destaca que Goiás segue livre da doença graças aos esforços conjuntos entre governo, produtores e população, mas ressalta que a vigilância contínua é essencial para evitar a introdução do vírus. “Apesar de estarmos em uma posição vantajosa, com nenhum registro até o momento, a presença de aves migratórias em nosso estado exige atenção constante. Todos devem estar vigilantes aos sinais suspeitos, tanto em criações comerciais quanto em criações de subsistência”, enfatiza.
De acordo com a gerente de Sanidade Animal da Agrodefesa, Denise Toledo, o risco de introdução do vírus por aves migratórias, comuns em Goiás, é uma preocupação, já que essas aves transitam entre regiões onde a doença é endêmica. Ela observa que os casos confirmados no Brasil ocorreram em estados costeiros ou próximos a fronteiras internacionais, mas alerta que a circulação de aves pode se expandir para o interior. “Toda a população precisa colaborar. Ao identificar aves doentes ou mortas, a notificação imediata é fundamental para contermos qualquer foco”, reforça.
Como notificar
A notificação pode ser feita por meio do sistema e-Sisbravet, disponível no site da Agrodefesa, pelo telefone 0800-646-1122 ou presencialmente em uma das 236 unidades operacionais do estado. Rafael Vieira, diretor de Defesa Agropecuária, reforça que, ao identificar sinais clínicos em aves, é crucial evitar qualquer manipulação dos animais suspeitos. “A abordagem segura deve ser realizada por técnicos do Serviço Veterinário Oficial, que estão equipados para conter possíveis focos sem disseminar o vírus”, explica.
Além da vigilância ativa promovida pela Agrodefesa, o papel dos produtores rurais é essencial para garantir as medidas de biosseguridade. A coordenadora do Programa Estadual de Sanidade Avícola, Silvânia Andrade Reis, destaca que ações como a instalação de telas de proteção nos galpões, o treinamento de colaboradores para identificar sintomas suspeitos e a restrição de acesso a pessoas estranhas são fundamentais.
Ela também alerta sobre os riscos de adquirir aves de origem desconhecida ou sem certificação oficial. “A biosseguridade começa pela escolha criteriosa de fornecedores confiáveis. Transportar aves sem Guia de Trânsito Animal ou manter espécies diferentes, como galinhas e aves aquáticas, no mesmo aviário é inaceitável, pois estas podem ser reservatórios do vírus”, alerta.
Transmissão para humanos
Embora a influenza aviária ofereça baixo risco de transmissão para humanos, casos podem ocorrer em situações de contato direto com aves infectadas ou seus excrementos. Os sintomas variam de leves a graves, incluindo febre, tosse, dores musculares e, em casos mais severos, pneumonia ou síndrome respiratória aguda grave.
O Ministério da Saúde orienta que o uso de antivirais, como o fosfato de oseltamivir, administrado nas primeiras 48 horas após o início dos sintomas, pode reduzir a gravidade da infecção. Entretanto, a principal medida de proteção é evitar o contato com aves doentes ou mortas e utilizar equipamentos de proteção individual em situações de risco ocupacional.
Para ampliar a conscientização, a Agrodefesa tem promovido materiais educativos, incluindo um guia prático sobre a gripe aviária, disponível em suas redes sociais. Essas ações complementam a fiscalização e o cadastramento de estabelecimentos avícolas realizados pela Agência, que monitora permanentemente o trânsito de aves e produtos avícolas no estado. Embora Goiás continue livre da gripe aviária, as ações preventivas são cruciais para preservar a saúde pública e a sanidade do setor.
Fonte: Agrodefesa