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Preços dos alimentos no mundo nunca foram tão caros

Tema foi debatido em live da CNA, esta semana, com a presença de economistas

A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) vem acompanhando os preços dos alimentos no mundo há 61 anos; e no começo de maio deste ano, concluiu que a comida nunca esteve tão cara quanto hoje. O último patamar mais alto foi em 1974, por conta da crise do petróleo, que alcançou 137 pontos. Agora, segundo o levantamento, estamos em 145 pontos.

Debate sobre o Preço dos Alimentos

A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) promoveu, nesta semana, um debate sobre o tema “Preços de alimentos, desafios do futuro”, em que foram abordados pontos como o cenário de inflação e a oferta global de alimentos.

Renato Conchon, coordenador do Núcleo Econômico da CNA, Renato Conchon, foi quem fez a moderação do encontro com os debatedores Adriana Dupita, economista-chefe Bloomberg; o economista da área de Macroeconomia da LCA Consultores, Fábio Romão; e o economista sênior no Policy Center for the New South, Otaviano Canuto.

Para Renato, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação brasileira, vem acumulando altas nos últimos 12 meses e atingiu 12%, enquanto o indicador de alimentos e bebidas aumentou ainda mais: 13,5%.

“São números bastante preocupantes em um momento que estamos justamente em uma transição de saída da pandemia, onde muitas famílias tiveram impactos negativos na sua renda”, afirmou.

A economista Adriana Dupita falou sobre os impactos e desafios para o controle da inflação de alimentos. Ela explicou fatores que impulsionaram o quadro atual, a pandemia, a guerra na Ucrânia e lockdowns na China; e ainda destacou o risco de voltar a “estagflação”, a alta nos preços das commodities, mesmo com o desaquecimento da economia. Além das respostas dos bancos centrais ao problema não serem homogêneas.

Fábio Romão fez uma análise de como a política monetária vem reagindo aos impactos secundários desses aumentos, o cenário de juros e inflação para a população brasileira. Na sua apresentação ele trouxe a variação anual do Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) e do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), comparando as diferenças entre os principais setores.

“Além das commodities, fatores como o aumento dos combustíveis e da energia elétrica também interferem na formação dos preços dos alimentos. Infelizmente, continuaremos com um cenário de inflação pesada neste ano, mas com alguma perspectiva de desaceleração em 2023”, disse.

Já o economista Otaviano Canuto, afirmou que a combinação entre pandemia, guerra na Ucrânia e fenômenos climáticos em várias partes do mundo fez se formar uma tempestade, que cria riscos reais para um quadro de fome global. Segundo ele, fatores como a elevação nos preços das commodities energéticas, a estocagem de alimentos e as restrições às exportações impostas por 35 países nos últimos dois anos também estão agravando os custos dos alimentos.

“O índice global de alimentos, medido pela FAO, atingiu o nível máximo de todos os tempos em março desse ano e a tendência é continuar em alta. Precisamos pensar no que pode ser feito, como políticas para mitigação, programas de transferência de renda e subsídios diretos aos preços, sementes e fertilizantes”, declarou o economista sênior no Policy Center for the New South.

Propostas da CNA

A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) elaborou um documento e entregou ao Ministério da Agricultura (Mapa) e à Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), com propostas do setor para contribuir com o governo na construção do Plano Agrícola e Pecuário (PAP) 2022/2023. Medidas que ampliarão a oferta de alimentos.

O documento traz 10 pontos prioritários para a próxima safra, pedindo mais recursos para ampliar a produção e garantir a segurança alimentar, gerar emprego, reduzir a pressão inflacionária sobre os alimentos e aumentar as exportações e o Produto Interno Bruto (PIB). Com as propostas, a entidade busca benefícios que vão além do agro, dando retorno também para a economia como um todo e à sociedade.

O presidente da CNA, João Martins, destacou a importância de favorecer o acesso a alimentos com preços mais acessíveis para toda a população, principalmente os mais carentes. “Fizemos uma proposta para o Plano Safra que beneficia os produtores, sejam eles pequenos, médios e grandes, mas que também trará benefícios para a população brasileira e sustentação para a produção de alimentos para todos, principalmente aos mais carentes”, afirmou.

Ao construir o documento, a CNA avaliou o cenário atual e os desafios no curto e longo prazo, diante da insuficiência de recursos orçamentários, elevação dos custos de produção, falta de insumos no país (que pode se agravar ainda mais com a guerra entre Rússia e Ucrânia), e perdas de produção e receita decorrentes de problemas climáticos, além das altas consecutivas na Taxa Selic.

Ainda no conjunto de proposições, a CNA também aborda o contexto internacional, mostrando preocupação em combater a inflação global e evitar a escassez de alimentos em nível mundial. Assim, a entidade reforça a importância de se ter mais recursos para o PAP no sentido de aumentar a produção agropecuária brasileira para que o país continue, além de competitivo internacionalmente, sendo um dos principais fornecedores de alimentos do planeta.

O documento elaborado teve a participação das federações estaduais de agricultura e pecuária, sindicatos rurais, entidades setoriais e produtores das cinco regiões do país.

Janaina Honorato
Janaina Honorato
Jornalista especialista em agronegócio com formação em marketing digital. Experiência de 9 anos com comunicação para o agronegócio em reportagens de TV, rádio, impresso e internet.
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