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População ocupada no agronegócio no 2º trimestre é a maior para o período desde 2015

Setor segue em expansão de vagas de emprego e capacitação de profissionais

O setor agropecuário vem puxando o desenvolvimento econômico do Brasil nos últimos anos e durante a pandemia não parou. Em 2020 e 2021, os demais setores da economia tiveram que fechar oportunidades de emprego, mas no agronegócio o cenário foi diferente, teve geração de emprego e com isso tanto a pecuária quanto a agricultura, vêm crescendo ano a ano.

A população ocupada (PO) no agronegócio brasileiro somou 19,09 milhões de pessoas no segundo trimestre de 2022, aumento de 4,6% (ou de 839 mil de pessoas) frente ao mesmo período do ano passado, segundo indicam pesquisas realizadas pelo Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), a partir de informações dos microdados da PNAD-Contínua e de dados da RAIS. É o maior número de pessoas atuando no setor em um segundo trimestre desde 2015 (19,18 milhões de pessoas).

Esse avanço se trata de uma recuperação de ocupações que foram perdidas pelos desdobramentos da crise gerada pela pandemia. Dentre os segmentos, os destaques foram as agroindústrias e os agrosserviços, que apresentaram crescimentos significativos, de quase 371,98 mil e de 605,73 mil pessoas, respectivamente, frente ao mesmo período do ano passado. Entre o primeiro e segundo trimestres, especificamente, a população ocupada no agronegócio aumentou 1,9%, e isso se deve às variações positivas observadas em todos os segmentos.

“Em 2022, no relatório do Cepea, a gente vê um crescimento bastante significativo nas principais cadeias agropecuárias. Em maio e junho, por exemplo, que são os últimos dados, a gente viu crescer lavouras importantes, principalmente na região sudeste do Brasil: cana-de-açúcar e café, mas também em outras regiões produtoras tal como o centro-oeste e o oeste da Bahia a gente viu a abertura de oportunidades ligadas a produção de soja”, aponta Renato Conchon coordenador do Núcleo Econômico da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil).

No Brasil, 98,27 milhões de pessoas estavam ocupadas no segundo trimestre deste ano, bem acima dos 89,38 milhões no mesmo período de 2021. Ainda assim, a participação do agronegócio no mercado de trabalho brasileiro foi de 19,42% de abril a junho de 2022, contra 20,41% no segundo trimestre de 2021.

“De modo geral, o setor vem apresentando bons resultados, está crescendo a geração de empregos, com um acumulado de mais de 1,5 milhão de vagas geradas ao longo de 2022, em todos os setores econômicos do Brasil e no setor agropecuário, mais de 102 mil vagas de emprego abertas nesses sete primeiros meses de 2022, ou seja, números bastante significativos que demonstram a pujança do setor”, explica.

Sazonalidade

Diferente de outros setores da economia, a geração de empregos no agro é sazonal, principalmente na agricultura, dependendo da época do ano há aumento das vagas no período de plantio e colheita por exemplo.

“No primeiro semestre, o sul gera emprego com a safra de arroz, trigo, soja. No sudeste, entre junho e julho até setembro, gera emprego para café e fruticultura. No nordeste, no final do ano, gera vagas para cana e fruticultura. A produção de grãos no centro-oeste brasileiro, começa com a safra de verão a partir de setembro e outubro, precisando de mão de obra. Tem oportunidades de emprego em todas as regiões e épocas do ano”, aponta Conchon.

Mecanização e Mão de Obra

Outra diferença no mercado de trabalho do agronegócio são os setores. Na agricultura, algumas safras precisam de mais ou menos mão de obra, assim como na pecuária.

“A gente vê que algumas cadeias como a soja, do algodão possuem máquinas cada vez mais tecnológicas, que exigem um número menor de empregados, só que cada vez mais qualificados e isso tem feito o salário médio de quem trabalha nessas culturas subir, é o caso do tratorista por exemplo, que tem que saber operar o GPS, que exige do trabalhador uma capacitação muito maior, pra receber um salário é maior comparado a outras culturas. É uma mudança no cenário de mão de obra que vai acontecendo a longo prazo”.

Por outro lado, culturas como hortaliças, café, flores, fruticultura e na pecuária, demandam mais mão de obra, porque a maior parte do manejo não tem mecanização e necessidade das tarefas manuais.

Trabalhador rural em plantação de alho. Foto: CNA

“Esse tipo de cadeia do agro demanda muita mão de obra e exige desse trabalhador uma certa qualificação, mas há muito espaço para trabalhadores que tenham capacitação e quem não tem cursos capacitação também”.

Empregos em Goiás

A agropecuária goiana registrou saldo positivo de 1.093 vagas de emprego em julho. De acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged) do Ministério do Trabalho e Previdência, divulgado no final de agosto, o setor admitiu 6.668 pessoas e desligou 5.575 trabalhadores no período. No acumulado do ano (janeiro a julho), o número de postos formais criados no agro chega a 12.089 vagas, resultado de 50.679 admissões contra 38.590 desligamentos.

No período, a atividade que mais criou vagas com carteira assinada no estado foi o cultivo de alho (787). Na agricultura, os cultivos de soja, tomate rasteiro, outras plantas de lavouras temporárias não especificadas, outros cereais não especificados, atividades apoio à agricultura não especificadas e horticultura (exceto morango) também se destacaram. Já na pecuária a criação de bovinos para corte deu a contribuição mais relevante para o resultado do setor em Goiás.

Perfil do Trabalhador do Agro

Pesquisadores do Cepea indicam que o crescimento observado para a população ocupada no agronegócio entre o primeiro e o segundo trimestres de 2022 ocorreu entre os trabalhadores assalariados (com e sem carteira assinada) e os trabalhadores por conta própria.

Quando analisado o perfil de instrução das pessoas, foi verificado que nos últimos anos, houve avanço importante para todas as categorias de escolaridades, sobretudo para os trabalhadores sem instrução, em termos relativos. Em relação ao gênero, verificou-se que a maior parte do crescimento no período recente foi ocupada por mulheres.

Capacitação

O Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) oferece capacitações presenciais e online gratuitas, nas mais diversas áreas do agronegócio do campo à indústria, que pode ajudar o trabalhador a se colocar no mercado de trabalho.

“O Senar capacita a mão de obra seja para o trabalhador que precisa de mais tecnificação e também para o trabalhador de serviço mais manual, em todas as áreas do agronegócio e em todos os estados brasileiros. O trabalhador pode procurar essa capacitação junto ao Senar, de maneira gratuita de cada estado. Com a capacitação, o trabalhador tem a oportunidade de se inserir em oportunidades que remunerem melhor, que faça sua qualidade de vida e da sua família melhorar também”.

Os interessados podem procurar os sindicatos rurais mais próximos para saber os cursos presenciais disponíveis para sua região e também acessar a plataforma de cursos EAD do Senar pelo https://ead.senar.org.br/.

Plataforma EmpregosAgro

A plataforma EmpregosAgro da Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (Sistema CNA/Senar), oferece vagas de emprego do setor agropecuário e se conecta pessoas em busca de trabalho; além de indicar cursos disponíveis na área de atuação do usuário. A ideia é facilitar a inserção do agro no mercado 4.0 e diminuir a lacuna entre a necessidade das empresas por pessoas qualificadas e das pessoas que buscam vagas de emprego.

Plataforma Empregos Agro da CNA. Foto: Reprodução

As empresas do agro e produtores rurais podem cadastrar as vagas disponíveis gratuitamente e terão acesso ao sistema para realizar a seleção dos candidatos online. Quem busca emprego no agro pode também se cadastrar na plataforma, onde receberá notificações de oportunidades ou pode inserir seu currículo para vagas específicas.

Um diferencial é que a plataforma indica para o candidato, através das informações do currículo cadastrado, a lista de cursos e capacitações existentes naquela área para potencializar a sua chance de conquistar um emprego.

Para publicar vaga ou cadastrar seu currículo, acesse: https://empregosagro.com.br.

“É importante o trabalhador se capacitar para trabalhar na agropecuária, que deve crescer cada vez mais em 2022 e 2023. O profissional capacitado vai executar de forma mais qualificada o trabalho e ganhar mais por isso. O empregador vai ter um funcionário que desempenha bem suas tarefas, melhorando assim a produtividade do campo e da indústria, a redução de desperdício com tempo, com insumos, com máquinas e no final um ganho de capital maior para ambos. É um jogo de ganha-ganha que todo mundo ganha, inclusive a economia brasileira”, salienta Renato Conchon coordenador do Núcleo Econômico da CNA.

Janaina Honorato
Janaina Honorato
Jornalista especialista em agronegócio com formação em marketing digital. Experiência de 9 anos com comunicação para o agronegócio em reportagens de TV, rádio, impresso e internet.
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