No coração do Cerrado, um pequeno fruto, mas de grande importância, se destaca: o pequi. Embora seja um ingrediente tradicional da culinária local, seu impacto vai muito além da gastronomia, representando uma importante fonte de sustento e preservação para diversas famílias. Com um aroma inconfundível e um sabor único, o pequi movimenta a economia regional e desempenha um papel essencial na conservação do Cerrado, um bioma crucial e ameaçado no Brasil.
Em 2025, a Lei do Pequi (Projeto de Lei 1970/2019) foi aprovada com o objetivo de regulamentar a colheita e comercialização sustentável do pequi e outros produtos nativos, buscando equilibrar o crescimento econômico com a proteção ambiental. A legislação visa combater o desmatamento e incentivar práticas que beneficiem tanto o meio ambiente quanto as comunidades envolvidas na produção.
O pequi (Caryocar brasiliense), uma árvore típica do Cerrado, é conhecido pelos frutos de casca esverdeada e polpa dourada. Seu nome científico reflete sua origem e o formato de sua fruta, que pode variar de 6 a 14 centímetros de diâmetro. O sabor do pequi é único, com um equilíbrio entre doce e amargo, e seu aroma é uma de suas características mais marcantes. Além de ser um ingrediente essencial em pratos como arroz com pequi e frango com pequi, o fruto pode ser transformado em óleos, conservas, farinhas, doces e licores.
Rico em vitaminas A, C e E, o pequi também traz benefícios à saúde, agindo como antioxidante e contribuindo para a saúde cardiovascular. Para muitas famílias do Cerrado, o pequi é um símbolo de cultura e biodiversidade, além de ser uma importante fonte de renda.
Para o cultivo do pequizeiro, que é adaptado ao solo do Cerrado, é necessário preparar o solo adequadamente e escolher mudas saudáveis. A plantação deve ser feita no início do período chuvoso, quando o solo favorece o enraizamento. Embora o pequizeiro seja resistente, ele pode ser afetado por pragas e doenças, como a broca-do-fruto e a antracnose. Por isso, é fundamental adotar técnicas de manejo integrado.
A colheita do pequi ocorre entre novembro e fevereiro, quando os frutos caem naturalmente. A coleta manual, feita diretamente do chão, garante a preservação das árvores. Além disso, é importante armazenar os frutos corretamente, seja congelando a polpa ou preparando conservas, para garantir sua durabilidade.
Existem duas variações do pequi: o pequi miúdo, de menor tamanho e com maior procura para a produção de óleo e conservas, e o pequi graúdo, maior e ideal para consumo direto em pratos tradicionais, além de ser usado para produzir farinhas e doces.
O cultivo e a comercialização do pequi são uma fonte importante de renda para os produtores rurais do Cerrado. Em 2023, Goiás foi o segundo maior produtor nacional do fruto, com uma produção de 3,7 mil toneladas, atrás apenas de Minas Gerais. O mercado para os produtos derivados do pequi, como óleos, farinhas e cosméticos, está em expansão, impulsionado pelo crescente interesse por produtos naturais e sustentáveis.
O cultivo do pequi tem gerado oportunidades econômicas e contribuído para o desenvolvimento local. Em Minas Gerais, o projeto Pró-Pequi beneficiou 4.800 produtores de agricultura familiar, incentivando o manejo sustentável e criando uma cadeia produtiva que envolve desde coletores até comerciantes locais. Além disso, o cultivo do pequi é uma prática que ajuda a preservar o Cerrado, incentivando o manejo sustentável e a valorização da biodiversidade.
O pequi, portanto, se consolida como uma fonte de riqueza para as comunidades rurais, ao mesmo tempo que contribui para a preservação ambiental e a sustentabilidade do bioma.