A participação da agropecuária no Produto Interno Bruto (PIB) calculado pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, em parceria com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA ), alcançou recordes sucessivos em 2020 e em 2021, com esse biênio se caracterizando como um dos melhores O PIB agregado do agronegócio em 2021 aponta que o setor alcançou participação de 27,4% – a maior desde 2004 (quando foi de 27,53%).
Segundo pesquisadores do Cepea, os segmentos primário e de insumos se destacaram em 2021, com aumentos de 17,52% e 52,63%, respectivamente. O PIB também cresceu para os outros dois segmentos, 1,63% para a agroindústria e 2,56% para os agrosserviços. Dentre os ramos, enquanto o PIB do agrícola avançou 15,88% de 2020 para 2021, o PIB do pecuário recuou 8,95%.
A participação do agro no PIB nacional passa pela consolidação do setor e a conquista de novos mercados, principalmente na produção de grãos e proteína animal. Segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o Brasil saltou de uma produção de 242,1 milhões de toneladas de grãos na safra 2018/2019 para uma estimativa de 271,3 milhões de toneladas para o ciclo 2021/2022 – recorde histórico para o agronegócio brasileiro.
É neste cenário, que o setor tem despertado o interesse dos políticos, candidatos nesta eleição. Bolsonaro, que busca a reeleição tem a preferencia do setor, pautado nas ações dos Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, comandado por três anos e meio pela então deputada federal, Tereza Cristina. Representantes do agronegócio apontam que a abertura para novos mercados, ampliação de políticas voltadas ao produtor e desburocratização de aplicação de defensivos agrícolas foram algumas das iniciativas do governo de Jair Bolsonaro que dão-lhe a avaliação positiva do setor.
E os agropecuaristas tem sua história ligada a política centro-direita, pelo perfil conservador. Basta observar que partir de 2006, o Centro-Oeste e o Sul, regiões em que o agronegócio é muito forte, houve inclinação para centro-direita, com o PSDB, e depois mais fortemente para a direita, com Bolsonaro. Esse cenário sempre fez com que o setor estivesse contra ou desconfiado do PT.
O antipetismo percebido no agronegócio tem como principal razão o fato da esquerda se relacionar de forma mais “intima” com a reforma agrária e amparar movimentos como o MST. Ou seja, tem uma questão ideológica.
Porém, nessa busca por mais espaço, a questão ambiental é motivo de entrave do acordo bilateral entre Mercosul e União Europeia, isolando o Brasil em questões comerciais com a Europa, tema destacado pelo candidato Lula ao Jornal Nacional. E o questionamento é: O agro sustenta o Brasil ou o Brasil Sustenta o agro?
O setor é criticado por ser financiado pelo governo federal, com a desoneração do ICMS nas exportações dos produtos, um benefício avaliado pelos agropecuaristas como uma conquista pleiteada desde 1996. O coordenador institucional do Instituto para o Fortalecimento da Agropecuária de Goiás (IFAG), Leonardo Machado, defende que o setor conta com esses benefícios para aumentar a sua competitividade. Segundo. “Quando uma produção cresce, cresce todo o agronegócios, gerando emprego, renda e qualidade. Um exemplo claro quando comparamos o IDH (índice de desenvolvimento humano) dos 10 maiores municípios relacionados ao PIB agropecuário. Em 1991, 100% destes municípios tinha o IDH classificados como muito baixo, a média deles era de 0,465. Em 2010, 80% deste município tinha seu IDH classificados como alto e outra 20 como médio. Sendo assim é inegável que o crescimento da agropecuária nestes municípios proporcionou desenvolvimento na qualidade de vida”, defende.