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O que o setor de hortifrútis espera para os próximos 20 anos?

Dentre os pontos mais citados estão: união do setor e reaquecimento da demanda

A equipe da revista Hortifruti Brasil, publicação do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, e que completa 20 anos neste ano – conversou com importantes agentes do setor de HF e traz na edição de julho o que o setor almeja para as próximas duas décadas.

“As contingências serão muitas e imprevisíveis. É essencial a existência de uma base de pesquisadores e institutos voltados à promoção da inovação do setor produtivo. É importante preparar grupos de pesquisa (com parcerias públicas e privadas) que pensem no setor de frutas e hortaliças 24 horas e que sejam preparados para buscar soluções de inovação às contingências (como o impacto na produção frente às mudanças climáticas) que virão nos próximos anos. E é urgente declarar que a queda de consumo de frutas e hortaliças é uma questão de saúde pública, que deve ser revertida por meio da promoção de hábitos saudáveis”, afirma Margarete Boteon, profa. da Esalq/USP e coordenadora do Hortifruti/Cepea

E praticamente todos os profissionais consultados pela equipe do Cepea citaram dois fatores importantes para o setor de HF nos próximos 20 anos: do lado do setor produtivo, é preciso união. Do lado da demanda, é necessário reverter o atual quadro de diminuição no consumo de frutas e hortaliças.

No caso do primeiro ponto, muito além dos problemas individuais dentro da porteira, questões relevantes devem ser tratadas coletivamente pelo setor produtivo. Como muitas das dificuldades pelas quais passam os produtores são as mesmas, a união é uma forma de aumentar a força e a representatividade do setor. As ações coletivas contribuem com uma melhor coordenação da cadeia como um todo, mas também podem ser uma forma de avanço dos negócios, por meio de um maior poder de comercialização (tanto compra quanto venda).

Quanto à demanda, tem sido um grande desafio lidar com uma população que ingere cada vez menos frutas e hortaliças. O setor já tem o apelo saudável de seus produtos a seu favor; agora, é vital recuperar o consumo, que está em queda na última década, posicionando as frutas e hortaliças como protagonistas da alimentação do brasileiro. É incentivar o consumo desde a infância, quando os hábitos alimentares começam a ser criados.

Outras necessidades indicadas pelos entrevistados para os próximos 20 anos foram uma produção cada vez mais sustentável e segura ao consumidor, um fortalecimento das redes de pesquisas, uma coordenação da cadeia, visando maior integração, e a economicidade, ou seja, obter o resultado esperado com o menor custo possível. Esse último ponto também foi bastante destacado dentre os agentes do setor, sobretudo diante do cenário atual, de custos inflacionados que desafiam a atividade.

Quais as principais ações do setor para os próximos 20 anos?

Nos próximos 20 anos, tem-se a necessidade de ter uma adaptabilidade elevada diante das contingências. Inovação, uso mais eficiente dos insumos, qualificação da mão de obra, produção sustentável e mecanização são os desafios na fazenda. Fora da porteira, na cadeia de comercialização, a agenda é ainda mais extensa.

Nas discussões promovidas pela Hortifruti Brasil na Hortitec, ficou evidente a importância de o setor avançar por meio de ações integradas entre os elos de distribuição e do varejo, para que todos os esforços do setor produtivo não sejam perdidos. E, sem dúvida, a infraestrutura comercial tem que se modernizar, para tornar mais viável e eficiente o processo de comercialização.

No front externo, é preciso progredir em políticas para eliminar ou reduzir as tarifas de exportação, ampliar e acessar novos mercados, diminuir as dificuldades logísticas e de demandas em termos de resíduos, entre outros. Para essa agenda, o consenso é a profissionalização do produtor, com uma gestão mais profissional da propriedade.

“O mundo tem mudado rapidamente, e são várias as ações necessárias para os próximos 20 anos, desde relacionadas à produção, pesquisa e novas experiências de consumo. Uma tendência interessante são os alimentos à base de plantas, que são uma oportunidade ao setor de hortaliças. A comunicação e a informação são as grandes armas do setor produtivo, e cada vez mais os produtores precisam estar unidos para ter mais representatividade, principalmente diante do governo. Não se consegue nada sozinho, por maior que seja o produtor. Além disso, é necessário reduzir a informalidade, trabalhar a eficiência, a capacitação de pessoas e ter processos de produção mais assertivos e sustentáveis”, analisa Eduardo Sekita de Oliveira, empresário do setor e presidente do Ibrahort

Meta 2042: HFs como protagonistas do prato do brasileiro

AÇÕES COLETIVAS: Como muitas das difi culdades pelas quais passam os produtores são as mesmas, a união é uma forma de aumentar a força e a representatividade do setor. As ações coletivas contribuem com uma melhor coordenação da cadeia como um todo, mas também podem ser uma forma de melhoria dos negócios por meio de um maior poder de negociação (tanto compra quanto venda);

PRODUÇÃO SUSTENTÁVEL: As preocupações ambientais estão cada vez mais em pauta e devem ser prioridade do setor nos próximos anos. A agricultura é totalmente dependente do meio ambiente, e o setor deve estar sempre preocupado com a preservação dos recursos naturais. Outro ponto importante é a redução de desperdícios, visto que perda de produtos é sinônimo de perda de recursos naturais;

SEGURANÇA ALIMENTAR: Alimento seguro e em quantidade sufi ciente é um direito de todos. Para isso, a cadeia deve ser eficiente nas questões produtivas para que não falte alimentos, mas, ao mesmo tempo, sem trazer riscos à população. Ações para manter seguros os níveis de resíduos e a adoção da rastreabilidade são urgentes;

FORMAR UMA REDE DE PESQUISA: É importante formar uma rede de pesquisa nacional e parcerias internacionais com nomes fortes voltados prioritariamente à pesquisa no setor de HF, no intuito de vencer as contingências futuras. Essa rede deve ser integrada em uma coordenação central, para que os esforços e o compartilhamento de informações sejam mais efetivos;

COORDENAÇÃO DA CADEIA: A profissionalização de todos os elos e uma maior integração da cadeia de comercialização (principalmente seu encurtamento) é vital para reduzir a informalidade, tornar mais seguro o produto, reduzir desperdícios e agregar valor à cadeia. Olhar a produção de HFs com pensamento empresarial, melhorando a gestão e, consequentemente, a competitividade;

HFS COMO ALIMENTOS PROTAGONISTAS: O setor já tem o apelo saudável de seus produtos a seu favor; agora, é vital recuperar o consumo, que está em queda na última década, posicionando as frutas e hortaliças como protagonistas da alimentação do brasileiro. Um dos pontos importantes é incentivar o consumo desde a infância, quando os hábitos alimentares começam a ser criados;

ECONOMICIDADE: Obter o resultado esperado com o menor custo possível, mantendo a qualidade é um desafio constante no setor de HFs. Esse ponto foi bastante destacado, sobretudo diante do cenário atual, de custos infl acionados que desafiam a atividade.

Janaina Honorato
Janaina Honorato
Jornalista especialista em agronegócio com formação em marketing digital. Experiência de 9 anos com comunicação para o agronegócio em reportagens de TV, rádio, impresso e internet.
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