O que se escuta por aí é que o Brasil é o país do agronegócio de soja, que grande parte dos produtores rurais brasileiros só investem no cultivo dessa oleaginosa. Isso é um mito, visto que o país é continental, com variados biomas que possuem clima diversos e por isso, propicia o plantio de muitas culturas nas lavouras: grãos, cereais, legumes, verduras, frutas, florestas comerciais, sem contar a criação pecuária, que é outro setor que produz alimentos.
Claro, que ao afirmar que o agro brasileiro é soja, alguns levam em consideração apenas o volume produzido, que realmente é o maior do mundo e o principal produto exportado, que de fato é.
Mas, não contam que desse produto é fabricado milhares de outros que não só o grão vendido para fora, tais como: óleo, biocombustível, matéria-prima para margarina, chocolate, barra de cereais, sorvetes, biscoitos, temperos, massas, leite, papinhas de bebês, ração de pets, cosméticos. Além de ser parte da ração dos animais da pecuária, dos quais nos alimentamos da carne.
Voltando ao papo da “monocultura”, para começar a desmitificar isso falemos de leis. Hoje há uma legislação a cumprir quando se planta soja ou outra cultura, que é a regra principal de não plantar um só de tipo de lavoura. É obrigatório fazer rotação de culturas, para evitar que pragas como a ferrugem asiática da soja, por exemplo, se alastrem pelas lavouras e ainda, não empobrecer o solo insistindo em um só tipo de plantio.
Por isso, o agricultor que cultiva soja na safra de verão, quando colhe a área planta outra cultura como o milho, sorgo, algodão e etc. Assim, ele protege o solo e combate pragas, além de continuar lucrando na área ao longo do ano. Só esta regra, indica que a monocultura é coisa do passado e hoje, é um MITO com letras maiúsculas.
Culturas do Agronegócio
Como já foi dito, o Brasil produz de tudo um pouco, graças ao clima, ao território abundante e diversificado em solos. Vamos aos dados, que foram compilados pelo estudo “O Agro no Brasil e no Mundo, edição 2022”, elaborado pelos pesquisadores da Embrapa, baseados na plataforma FaoStat, da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).
O Brasil é o terceiro maior produtor de milho e feijão (105 milhões e 2,9 milhões de toneladas, respectivamente), é o maior produtor mundial de cana-de-açúcar, sendo que mais de um terço do açúcar é gerado aqui; é campeão no cultivo de café (em grãos), em 2021, o Brasil liderou com 32% do mercado internacional ou 3,4 milhões de toneladas.
No trigo, o Brasil ocupa a 23ª posição mundial, com perspectiva de aumento da produção e redução da dependência do cereal importado. Daqui também sai o maior volume de carne bovina exportada do mundo (2,5 milhões de toneladas).
Quando o assunto é produção de frutas, o país ocupa a terceira posição, atrás apenas da China e Índia, com 58 milhões de toneladas, 5,4% da produção internacional.
A produção de hortaliças é diversificada, com destaque para seis espécies: batata, tomate, melancia, alface, cebola e cenoura, mas se há uma infinidade de legumes e verduras produzidas em solo brasileiro. No Censo Agro do IBGE de 2017, foram levantadas 10 culturas do setor, em que ocupa uma área nacional de 1,6 milhão de hectares, onde se produziram 30,5 milhões de toneladas de hortaliças, número que pode dever ser bem maior hoje.
Isso, porque ainda não citamos que o Brasil tem 9,5 milhões de hectares de florestas plantadas, no setor chamado silvicultura, de eucalipto e pinus em sua maioria. Do eucalipto, sai a celulose, sendo o Brasil o maior exportador mundial, com 16,2 milhões de toneladas em 2021.
Pecuária
Parte da área brasileira destinada ao agronegócio, também é usada para o setor pecuário, com criação de animais como: bovinos e búfalos para carne e leite; suínos; aves para carne e ovos. Fora essas atividades, o Brasil ainda cria outros animais em escala comercial: equinos; ovinos para carne, leite e lã; caprinos para carne e leite; peixes e frutos do mar. Há outras espécies mais exóticas: rãs, jacarés, coelhos, entre outros.
Portanto, o Brasil não tem um agronegócio MONO, mas MULTI-culturas e MULTI-espécies. Milhares de variedades de plantas e de animais, que são cultivadas e criados em um solo rico e de clima tropical, que pode nos próximos 30 anos, se tornar o “Celeiro do Mundo”, alimentando não só 10% da população mundial como hoje, mas evoluindo muito além disso. O agrobrasileiro é PLURAL.