Construir a base para uma produção agrícola cada vez mais sustentável, essa tem sido a agenda do agronegócio brasileiro, com o Plano ABC+, por exemplo, que possui entre as metas, utilizar os bioinsumos na agricultura e dentre eles está a utilização de microrganismos, insetos e etc.
Pesquisadores da Embrapa Milho e Sorgo vem estudando sobre o manejo ecológico de insetos, com conceitos sobre ecologia e controle biológico de insetos, que se baseia no uso de organismos vivos para suprimir a população de uma praga e torná-la menos abundante ou menos danosa.
Existem insetos que são agentes de controle biológico, ou seja, insetos benéficos, considerados inimigos naturais de pragas.
O controle biológico pode apresentar muitas vantagens se comparado ao controle químico, provando maior eficácia e menor agressão ao meio ambiente. É uma forma de controle que não deixa resíduos no ambiente e permite a colheita contínua, pois não há período de carência após a liberação dos inimigos naturais, protegendo a biodiversidade e evitando desequilíbrios.
Walter Matrangolo, pesquisador da Embrapa Solos, explica que enquanto alguns organismos podem prejudicar uma planta e até levá-la à morte, como os chamados insetos fitófagos, outros podem controlar essas populações e impedir que destruam lavouras.
“São muitos os insetos que se nutrem de outros insetos, impedindo que ocorram explosões populacionais”, comenta. Para ele, é importante que o produtor rural e quem trabalha no agronegócio compreenda quais insetos são prejudiciais e quais são benéficos, para evitar enganos frequentes como a aplicação de agrotóxicos, que as vezes matam insetos que são, na verdade, organismos que iriam beneficiar as áreas de cultivo, e acabam sendo tratados como pragas.
O pesquisador fala sobre o conceito de controle biológico conservativo. A prática se baseia na compreensão, de que os agroecossistemas podem ser manejados com o objetivo de conservar e aumentar as populações de inimigos naturais e assim ampliar o controle natural das pragas.
Plantas como a cratília (Cratylia argentea), uma leguminosa perene, popularmente conhecida como camaratuba e nativa do Cerrado, por exemplo, são capazes de nutrir muitos agentes de controle biológico e abelhas da região com o néctar e o pólen que produzem.
O pesquisador Walter Matrangolo explica que o intuito é estimular a percepção da biodiversidade de insetos, muitas vezes, desconhecida. “É importante conhecer para conservar os amigos naturais. Ampliar a percepção ambiental é uma estratégia de melhoria da produção”, afirma o pesquisador.