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Lavouras temporárias e permanentes: a influência do clima nas culturas

Grãos e frutas, por exemplo, dependem de maneiras diferentes das condições climáticas para se desenvolver

A agricultura é uma indústria a céu aberto, a atividade econômica mais dependente das condições climáticas. Por isso, fatores meteorológicos afetam não só o desenvolvimento das plantas, mas também ao volume produzido de cada variedade.

Além de influenciar o crescimento e a produtividade das culturas, o clima afeta ainda a relação das plantas com microrganismos, insetos, fungos e bactérias, favorecendo ou não a ocorrência de pragas e doenças, o que demanda medidas de controle adequadas.

Essa influência é tão forte, que as culturas de sequeiro em muitos casos vão cedendo espaço para culturas irrigadas, ou seja, que dependem de irrigação artificial, o que facilita a previsibilidade do rendimento das culturas, já que quem controla a quantidade de água é o produtor rural.

Mas, grande parte da agricultura brasileira são culturas de sequeiro, totalmente dependente de fatores naturais, da umidade presente no solo, graças ao período chuvoso.

Culturas Temporárias

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), uma cultura temporária é caracterizada como de curta ou média duração, com clico vegetativo inferior a um ano, que após a colheita necessitam de um novo plantio para produzir. São exemplos: soja, milho, feijão, girassol, arroz, batata, cebola, trigo, algodão, cana-de-açúcar e outras, como explica José Reis, engenheiro agrônomo e conselheiro do CREA-Goiás.

“Por exemplo, a soja aqui em Goiás, ela tem um calendário de plantio, que vai do final de setembro até final de dezembro e depois de plantada o ciclo são de quatro meses. Normalmente, em Goiás, as culturas de maior expressão são as culturas temporárias. No passado o agricultor plantava uma cultura por ciclo, hoje a gente tem várias sucessões, chamada de safrinha, como é o caso do milho, do girassol, do sorgo cultivados depois da colheita da soja”, afirma.

Plantação de soja, considerada lavoura temporária. Foto: Divulgação

A segunda safra ou safrinha de sequeiro em Goiás, também formada por culturas temporárias, como disse José Reis, é plantada depois da soja, aproveitando adubação e a palhada dessa primeira safra, além da umidade do solo proveniente do período chuvoso.

“Em Goiás, as chuvas começam no final de setembro e vai até março abril do outro ano. Então, as culturas temporárias no estado geralmente acontecem nesse período, por serem de sequeiro e precisarem da influência da chuva, umidade do solo para o desenvolvimento”, pondera.

Culturas Permanentes

Já as culturas permanentes, segundo o IBGE, são culturas de ciclo vegetativo longo, que permitem colheitas sucessivas, sem necessidade de novo plantio. Exemplos disso são: café, maçã, pêra, uva, manga, laranja, banana, cacau, uva, eucalipto, coco e etc.

“Essas plantas perenes ou permanentes, não morrem ou são colhidas totalmente no final do ciclo, no outro ano elas dão outra carga de frutificação, principalmente as culturas frutíferas, dá uma colheita anual, mas que no outro ano frutifica de novo. Como elas sobrevivem durante o ano todo, mesmo depois da frutificação, o que se cultiva em Goiás já são frutas mais tropicais, adaptadas ao clima mais quente, seco, com período chuvoso mais estabelecido”, analisa o engenheiro agrônomo e conselheiro do CREA-GO.

José Reis, engenheiro agrônomo, em pomar de jabuticaba, que é um exemplo de lavoura permanente. Foto: Arquivo Pessoal

Fatores Climáticos

As principais variáveis meteorológicas que afetam as culturas são chuva, temperatura do ar e radiação solar; e ainda a influência do fotoperíodo, da umidade do ar e do solo, da velocidade e da direção do vento.

“A temperatura do ar, se for muito baixa interrompe o crescimento; o fotoperíodo as plantas dependem de certa quantidade de luz para desenvolverem; umidade do ar na relação de pragas, doenças, fungos, insetos; velocidade do vento”, explica.

Agrometeorologia

Agrometeorologia são informações que consideram os dados meteorológicos associados ao que os cultivos requerem, para estimar os impactos sobre as culturas e as práticas agrícolas.

Tais informações aplicadas ao planejamento, à tomada de decisão e ao aumento da resiliência da produção, possibilitam uma agricultura mais eficiente, mais produtiva, com menor risco de perdas e maior sustentabilidade.

Zoneamento Agrícola

O Zoneamento Agrícola de Risco Climático (ZARC) é um instrumento de política agrícola e gestão de riscos na agricultura. O estudo é elaborado com o objetivo de minimizar os riscos relacionados aos fenômenos climáticos adversos e permite a cada município identificar a melhor época de plantio das culturas, nos diferentes tipos de solo e ciclos de cultivares. A técnica é de fácil entendimento e adoção pelos produtores rurais, agentes financeiros e demais usuários.

No Brasil, os produtores rurais têm acesso ao zoneamento das culturas, através de publicações do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) no site www.gov.br/agricultura/pt-br.

Além disso, é possível acessar dados agrometeorológicos nos serviços nacionais como do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) www.portal.inmet.gov.br/boletinsagro.

Defesa Vegetal

A defesa vegetal é um conjunto de práticas para prevenir, controlar, erradicar pragas capazes de provocar danos econômicos às lavouras e seus produtos. José Reis é especialista na área de defesa vegetal, ele explica que o clima tem fator predominante quando o assunto é maior incidência de pragas e doenças, principalmente com o aumento da umidade relativa do ar.

“Trabalhamos principalmente com sanidade, muito ligada ao ataque de pragas e doenças nas culturas. As lavouras temporárias, por exemplo, têm legislação específica que os produtores precisam adotar com data de plantio, colheita e período sem plantas vivas no solo; para diminuir a incidência e proteger as culturas. É o caso do vazio sanitário do algodão pra prevenir contra o bicudo do algodoeiro; a soja tem o vazio para prevenir contra a ferrugem asiática”, analisa José Reis, engenheiro agrônomo e conselheiro do CREA-GO.

Nas culturas permanentes, José afirma que a legislação está mais ligada ao transporte, por exemplo, a banana não pode ter transporte de folhas para evitar fungos como a sigatoka negra; os citros tem regras de transporte também, assim como o coqueiro.

Janaina Honorato
Janaina Honorato
Jornalista especialista em agronegócio com formação em marketing digital. Experiência de 9 anos com comunicação para o agronegócio em reportagens de TV, rádio, impresso e internet.
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