Os preços dos principais produtos agropecuários brasileiros de exportação apontam para uma desaceleração ao longo do terceiro trimestre deste ano.
É o que mostra a nota Preços e Mercados Agropecuários, divulgada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). A análise é fruto do acompanhamento dos preços domésticos e internacionais, além do balanço de oferta e demanda dos principais produtos agropecuários brasileiros referentes às safras 2021-2022 e 2022-2023.
De acordo com o documento, alguns fatores estão contribuindo para a queda recente dos preços do setor. Dentre eles, se destaca a expectativa de aumento da oferta de diversos produtos como soja, farelo de soja e trigo e crise energética na Europa, um dos maiores importadores das commodities do Brasil.
O Brasil, que é um importante ator no mercado internacional, contribuirá na próxima safra (2022/2023), particularmente, com a soja – crescimento previsto de 22,3% na soja em grão, 5,3% no farelo e 5,3% no óleo frente à safra anterior -, o milho (12,0%), o algodão (16,7%) e o café (5,6%). O trigo, principal produto da pauta de importação do país, deve fechar a safra de inverno de 2022 com alta de 23,7% na produção frente à safra do ano passado. A maior disponibilidade dessas commodities tem contribuído também para a recomposição dos estoques de passagem, que vinham caindo desde o início das políticas de isolamento social estabelecidas devido à pandemia de Covid-19.
A crise energética também tem contribuído para a alta nos custos de produção em diferentes etapas da cadeia, uma vez que a energia é um dos itens do cálculo da inflação. De acordo com José Ronaldo Souza Júnior, coordenador de Crescimento e Desenvolvimento Econômico no Ipea, “a combinação do aumento dos custos com a inflação em geral ajudou na desaceleração do consumo mundial e pode impactar ainda mais o consumo por alimentos nos próximos meses”. Na União Europeia, que é o segundo maior importador de commodities agropecuárias do Brasil, o fornecimento de energia foi ainda mais grave. Até fevereiro deste ano, 37,5% do gás consumido na Europa vinha da Rússia e desde então o bloco tem buscado alternativas para o gás russo.
Apesar das incertezas, para 2023, as perspectivas de produção são otimistas. “Até o momento, para a soja, o principal grão produzido no Brasil, não havendo problemas significativos de produtividade, devemos caminhar para uma safra recorde e recuperação das exportações e dos estoques de passagem para o grão no ano que vem.
Acesse a íntegra da Notahttps://www.ipea.gov.br/cartadeconjuntura/index.php/2022/12/mercados-e-precos-agropecuarios-6/