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Integração Lavoura-Pecuária-Floresta aumenta a eficiência da produção agropecuária

Sistema é uma estratégia que integra em uma mesma área a produção agrícola, pecuária e florestal

A integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) vem crescendo no Brasil nos últimos anos. A ideia é utilizar diferentes sistemas produtivos: agrícolas, pecuários e florestais dentro de uma mesma área. Pode ser feita em cultivo consorciado, em sucessão ou em rotação, de forma que haja benefício para todas as atividades.

O objetivo é otimizar o uso da terra, elevando a produtividade da área, usando melhor os insumos, diversificando a produção e gerando mais renda e emprego. Tudo isso, de maneira ambientalmente correta, com baixa emissão de gases causadores de efeito estufa ou mesmo com mitigação desses gases.

Diferentes culturas agrícolas, visando alimentação, produção de fibras ou energia podem ser utilizadas na ILPF. Da mesma forma, a pecuária pode ser feita com bovinos de corte ou leite, bubalinos, caprinos ovinos e, em alguns casos, até suínos e aves podem compor o sistema. Já em relação as árvores, podem ser usadas espécies para fins madeireiros e não madeireiros, nativas ou exóticas.

Essa grande variedade de culturas dos sistemas ILPF, podem ser adaptados para pequenas, médias e grandes propriedades, em todos os biomas brasileiros. As definições sobre as características a serem adotadas dependerão de condições climáticas da região, logística, relevo, mercado, aptidão do produtor, disponibilidade de mão-de-obra, de assistência técnica, entre outros fatores.

Histórico

Embora os sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta sejam considerados inovadores, na Europa desde a idade média são conhecidas várias formas de plantios associados, entre culturas anuais e culturas perenes ou entre culturas frutíferas e árvores madeireiras.

Sistemas integrando árvores frutíferas com a produção pecuária datam do século XVI, e aparentemente uma das causas do seu quase desaparecimento foi a mecanização e a intensificação dos sistemas agrícolas, além da dificuldade da colheita manual das frutas e questões administrativas.

O sistema de associar as culturas foi copiado da natureza pelos indígenas e, posteriormente, transferido aos colonizadores. Nos trópicos, o exemplo mais marcante vem dos pequenos agricultores, ao praticarem variados sistemas de consórcios de culturas.

Historicamente, os imigrantes europeus trouxeram para o Brasil a cultura da associação entre agricultura, pecuária e florestas, que, desde o início, foi adaptada às condições tropicais e subtropicais.

No final dos anos 1990, surgiram propostas que envolveram o uso de sistemas de ILP com rotação lavoura-pastagem. A forragem produzida na entressafra contribuía para a cobertura do solo e acúmulo de palhada para o cultivo em sucessão de grãos em sistema de plantio direto. Dentre as plantas de cobertura utilizadas, as braquiárias têm assumido importância crescente pela facilidade de cultivo e expressiva massa de forragem produzida. Em razão disso, produtores passaram a utilizar essa forragem na alimentação animal na entressafra.

Já nos anos 2000, a demanda por madeira e a necessidade de melhorar o conforto térmico para os animais levou à inserção do componente arbóreo nos sistemas. Outros benefícios, como a proteção contra vento e geadas e o sequestro de carbono intensificaram o interesse por esses sistemas.

Benefícios da ILPF

Os sistemas ILPF podem trazer diferentes benefícios, tanto nos âmbitos agronômico, zootécnico e silvipastoril, quanto nos lados econômico, social e ambiental.

No que diz respeito ao solo, há maior quantidade de matéria orgânica, maior ciclagem de nutrientes, melhores condições para desenvolvimento de microrganismos, maior infiltração de água, menor perda de umidade e menor risco de erosão.

A lavoura se beneficia da palhada deixada pelo capim e da descompactação do solo feita pelas raízes da forrageira. Ao servirem como barreiras de vento, as árvores reduzem a perda de umidade no solo.

Com raízes mais profundas, a forrageira e as árvores aproveitam insumos utilizados na lavoura e que lixiviaram para camadas mais profundas, além do nitrogênio deixado por leguminosas como a soja e feijão. Com maior disponibilidade de nutrientes, o capim produz mais e com melhor qualidade, beneficiando o desempenho animal.

Em sistemas silvipastoris, as árvores trazem conforto térmico para o gado tanto no calor quanto no frio, quando evitam geadas e protegem do vento.  A diversificação de culturas muda a dinâmica de pragas e doenças e plantas daninhas, favorecendo o manejo do sistema.

Do ponto de vista econômico, a diversificação traz mais segurança para o produtor, mantém o solo em uso durante todo o ano e gera mais empregos no campo.

Se não bastassem todos os benefícios mencionados, os sistemas ILPF são ambientalmente corretos. Ao possibilitarem maior produção em um mesmo espaço, eles reduzem a pressão pela abertura de novas áreas e pelo desmatamento. Além disso, é um sistema produtivo que ou tem de baixa emissão líquida de gases causadores de efeito estufa, ou que sequestra carbono, contribuindo para reduzir o aquecimento global.

ILPF como Política Pública

A ILPF é um dos processos tecnológicos que compõem o Plano para a Consolidação de uma Economia de Baixa Emissão de Carbono na Agricultura (Plano ABC), que reúne os compromissos voluntários assumidos pelo Brasil.

Da mesma forma, a ampliação da área com sistemas ILPF faz parte das metas brasileiras voluntárias assumidas no Acordo de Paris. Neste novo compromisso, está o fortalecimento da intensificação sustentável na agricultura por meio da restauração de 15 milhões de hectares de pastagens degradadas e pelo incremento de 5 milhões de hectares com sistemas ILPF até 2030.

A relevância da ILPF como processo tecnológico sustentável para a agricultura brasileira foi reconhecida por meio da Política Nacional de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta, criada em 2013, Lei nº 12.805.

Perguntas e dúvidas sobre o Sistema ILPF da Embrapa.

Atuação da Embrapa no tema ILPF

A Embrapa desenvolve pesquisas com sistemas ILPF desde a década de 1980. Atualmente, mais de 20 Unidades da empresa desenvolvem algum tipo de atividade de pesquisa e transferência de tecnologia no tema.

Com a importância do tema e a representatividade na empresa, a Embrapa criou o Portfólio de ILPF, que reúne e faz a gestão da carteira de projetos sobre sistemas ILPF.

Janaina Honorato
Janaina Honorato
Jornalista especialista em agronegócio com formação em marketing digital. Experiência de 9 anos com comunicação para o agronegócio em reportagens de TV, rádio, impresso e internet.
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