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El Niño, La Niña e o Clima no Agro: Desirée Brand Analisando a Realidade Climática

Especialista destaca impacto do El Niño e La Niña na agricultura e a necessidade de adaptação

No vigésimo quarto Encontro Técnico da Soja, realizado pela Fundação Mato Grosso, Desirée Brand, meteorologista e sócia da Notus, apresentou um panorama detalhado sobre os eventos climáticos que afetam a agricultura brasileira, especialmente no Rio Grande do Sul e em outras regiões do país.

Desirée Brand explicou que o Rio Grande do Sul enfrenta uma combinação de fatores climáticos adversos. “Temos a presença do El Niño, que embora esteja perdendo força, ainda causa impacto significativo. Historicamente, o El Niño traz mais chuvas para o estado, e isso está sendo potencializado por um Atlântico mais quente e pela umidade da Amazônia”, afirmou.

Além disso, a meteorologista destacou a ocorrência de um bloqueio atmosférico que alterou o avanço das frentes frias, mantendo-as sobre o Rio Grande do Sul. “As frentes frias não avançaram em direção ao Sudeste, e uma área de alta pressão ganhou força no centro do país, provocando onda de calor e seca, funcionando como uma barreira para as frentes frias. Isso resultou em volumes extraordinários de chuva no Rio Grande do Sul”, detalhou Desirée.

Eventos Extremos e Mudanças Climáticas

A meteorologista abordou a ocorrência de eventos climáticos extremos, mencionando que além das chuvas intensas no Rio Grande do Sul, o Mato Grosso enfrentou uma seca inédita em 37 anos. “Em 2023, tivemos 600 mm de chuva no litoral norte de São Paulo em menos de 10 horas. No Espírito Santo e no Rio de Janeiro, registramos mais de 400 mm de chuva. Esses números expressivos estão relacionados às mudanças climáticas”, explicou.

“O El Niño de 2015/2016 foi mais forte, mas o atual está em um ambiente mais aquecido, aumentando seus efeitos. Não estou aqui para apontar culpados, mas para mostrar números e realidades que exigem atenção”.

Previsões para o La Niña

Sobre a possibilidade do La Niña, Desirée afirmou que 80% dos modelos climáticos indicam sua formação no segundo semestre, com efeitos mais evidentes no último trimestre. “O La Niña normalmente inverte os sinais climáticos, tirando chuva do Sul e favorecendo o Norte e Centro-Oeste do Brasil. Embora possa atrasar o período úmido, os modelos atuais não indicam esse atraso. No entanto, durante a safra, os efeitos do La Niña podem ser mais significativos”, explicou.

Desirée reconheceu a importância da comunicação na meteorologia. “A tecnologia e os modelos climáticos estão evoluindo, mas a comunicação ainda falha. Precisamos entender as necessidades do produtor rural e direcionar melhor as informações”, destacou. Ela enfatizou a importância de explicar as previsões de forma clara e detalhada para evitar mal-entendidos.

“Estamos vivendo uma nova realidade climática e precisamos nos adaptar”, concluiu a meteorologista, reforçando a importância de continuar plantando e produzindo, independentemente das adversidades climáticas.

Fabiane Fagundes
Fabiane Fagundes
Jornalista especialista em agronegócio com formação em marketing digital e psicóloga em formação.
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