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Cânhamo como oportunidade de negócio para o agro brasileiro

A China, principal produtora no mundo, destina 75% da sua produção à indústria têxtil; planta conta com mais de 25 mil usabilidades

A produção do Cânhamo, cujo o nome científico é cannabis sativa, aqui no Brasil a produção ainda é proibida, porém o País  poderia arrecadar até 4,9 bilhões de reais por ano, fora os impostos com o cultivo e exportação cânhamo que já  é uma das principais culturas da China, usada  na produção de fibras para confecção de roupas.

O grão do cânhamo também tem propriedades para alimentação humana, ração animal, óleos essenciais para tratamento alternativo de depressão, ansiedade e crise do pânico e até a produção de combustível. Mas essa cultura tem uma associação equivocada com a maconha que pode provocar dependência química.  O departamento de pesquisa fitoterápico da Universidade Federal de Viçosa faz pesquisas de cunho medicinal com o Cânhamo e o pesquisador Derly José Henrique da Silva explica para gente quais seriam os ganhos dessa cultura para a agropecuária brasileira se fosse liberada.

Cânhamo como oportunidade de negócio para o agro brasileiro. Entrevista com pesquisador Derly José Henrique

O que é o cânhamo e quais são suas usabilidades?

O cânhamo é uma subespécie da Cannabis sativa L. e está presente como matéria-prima para fins medicinais (através do óleo do CBD) e industriais. Aos poucos, a cultura vem sendo reintroduzida na agricultura de diversos países. A planta, que pode ser usar por sua biomassa, pode atingir alturas significativas e tem alto rendimento, além de ser resistente a pragas.

O cânhamo conta com no máximo 0,3% de tetrahidrocanabinol (THC), substância que causa efeitos psicoativos. No entanto, pelo baixo índice de THC, 33 vezes mais baixo do que o encontrado nas plantas de cannabis, é impossível sentir efeitos psicotrópicos pelo uso do cânhamo.

Assim, a cannabis e o cânhamo fazem parte da mesma espécie. Contudo, o fator determinante para a denominação da planta em questão passa pelo teor de THC presente. Enquanto a cannabis é cultivada por seus fatores psicoativos, o cânhamo é produzido por suas usabilidades em diferentes indústrias.

Vale ressaltar que apenas as plantas fêmeas da cannabis são cultivadas pelos efeitos psicoativos, já que as plantas macho contam com baixos níveis de THC.

Do cânhamo, é possível utilizar quatro partes das plantas. São eles:

  • Caules: Transformados em fibras, utilizadas para fraldas, sapatos, cordas, papel e embalagens
  • Folhas: Transformadas em polpa, utilizada para papel e embalagens, cimento, camas para pets e fibra de vidro
  • Flores: Transformadas em extratos, utilizados para produção de óleos e destilados
  • Sementes: Transformadas em óleos, usados como azeite, margarina, suplementos, biocombustível, solventes, bioplásticos, cosméticos e outros, além de serem utilizadas cruas em alimentos, como na granola.

China e o cânhamo

A China, principal produtora de cânhamo no mundo, destina mais de 407 mil hectares para produção da planta e conta com uma longa história de produção da matéria-prima com destino ao uso industrial, com o caule sendo utilizado para produção de fibras têxteis.

Por que o Brasil não avança na regulamentação da produção do cânhamo?

A estigmatização da cannabis não é uma novidade no Brasil. De acordo com especialistas, o país está longe de um cenário para regulamentação do cânhamo.

De acordo com Luciano Ducci, relator do Projeto de Lei 399/2015, que aguarda Deliberação do Recurso na Mesa Diretora da Câmara dos Deputados (MESA), e busca regulamentar o cultivo da cannabis para uso medicinal em território brasileiro e normatizar o cultivo de cânhamo para fins industriais. No entanto, há chance para criação de um novo mercado no Brasil, com a geração de receitas, empregos e impostos.

“Em termos comparativos, a China vem investindo em pesquisa sobre aplicações do cânhamo industrial há décadas, fazendo com que esse país tenha centenas de patentes ligadas à planta. Em termos de vendas, o mercado legal do cânhamo industrial ultrapassou a casa dos US$ 1,2 bilhão em 2018, sendo a maior parte proveniente da indústria têxtil.”, explica Ducci.

Foi publicada em agosto de 2020 a Instrução Normativa nº 52 pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), que estabeleceu critérios para o cultivo de cânhamo para fins de pesquisa. Essa instrução normativa permitiu o cultivo de cânhamo para pesquisa científica, desde que cumpridas determinadas exigências e autorizações, como a obtenção de autorização prévia do Mapa, a utilização de sementes certificadas, a manutenção de um sistema de rastreabilidade e a manutenção dos limites de THC estabelecidos em 0,3%.

Essa regulamentação abriu caminho para a pesquisa e desenvolvimento de variedades de cânhamo com baixo teor de THC no Brasil. No entanto, ainda não regulamentou a produção comercial de cânhamo para fins industriais.

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Fabiane Fagundes
Fabiane Fagundes
Jornalista especialista em agronegócio com formação em marketing digital e psicóloga em formação.
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