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As Mulheres do Agronegócio: um terço da força de trabalho no setor

O sexo feminino já ocupa quase 20% da gestão das propriedades rurais no Brasil

As mulheres são conhecidas pela capacidade de superação, de atenção aos detalhes, de fazer muitas atividades ao mesmo tempo. O que faz com que elas alcancem destaque seja na cidade ou no campo. No Brasil, de acordo com a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, a FAO, o sexo feminino representa quase 30 por cento da força de trabalho no agronegócio.

Nos cálculos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a participação feminina na administração do agro é de 19%, o que significa que cerca de 1 milhão de mulheres estão à frente na gestão da propriedade rural. De cada 10 cargos de liderança do agronegócio brasileiro, quase 2 são ocupados por elas.

Em números agropecuários, as mulheres são responsáveis por encabeçar a produção de 30 milhões de hectares. O valor corresponde a 8,5% de toda área ocupada por sítios e fazendas no país.

É realidade que lugar de mulher é onde ela quiser. Elas têm ocupado cada vez mais espaços na agricultura, pecuária, pesquisa, indústria, educação rural e até em cargos públicos. Vamos conhecer as lideranças femininas, que estão trabalhando na política para fortalecer o agronegócio.

Lideranças Femininas do Agronegócio

Nas Entidades

Carminha Missio, produtora rural e vice-presidente da FAEPA. Foto: Arquivo Pessoal

A agricultora Carminha Missio é gaúcha de nascimento, mas foi em Luís Eduardo Magalhães, no oeste baiano, que ela se encontrou na agricultura. Formada em Direito, ela deixou a profissão um pouco de lado, para ser uma liderança feminina do agronegócio.

Na Fazenda Rio das Pedras, ela cultiva soja, milho, feijão, algodão e também investe na fruticultura. Foi com os pais que ela aprendeu a base que sabe para lidar com o campo. É o que ela conta em entrevista ao Programa Nosso Agro da Confederação Nacional de Agricultura.

“Esse amor que nasceu pela terra, nasceu exatamente por perceber que, enquanto mulher, eu não preciso estar somente nas atividades atribuídas às mulheres. E sim na gestão, no conhecimento, na agregação de valor para a atividade rural”, afirma.

Carminha já participou como voluntária de algumas associações, até presidente do Sindicato Rural de Luís Eduardo Magalhães. Foi a primeira mulher a ser eleita vice-presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado da Bahia (FAEB). Sua representação política e social, vem ajudando mulheres do agronegócio no estado. Tanto que ela foi reconhecida entre as 100 mulheres mais influentes na lista da Forbes em 2021.

“Nós trabalhamos muito com qualificação das mulheres de pequenos produtores, para que elas, através dos cursos do Senar, pudessem ganhar conhecimento e trabalhar dentro das suas propriedades e trazer o sustento para suas casas”, explica a produtora rural.

Na Sociedade Rural Brasileira

Teka Vendramini, presidente da Sociedade Rural Brasileira. Foto Divulgação/SRB

Mulheres que trabalham no campo e na cidade, desenvolvendo a produção de alimentos do país, gerando emprego e renda para as famílias. É o caso de Teka Vendramini, que descobriu a vida rural ainda cuidando da propriedade da família. Essa vivência foi importante para ela vencer os desafios hoje, como presidente da Sociedade Rural Brasileira, garantindo a participação feminina no agronegócio.

“Nós já caminhamos, hoje já somos quase 30% dentro do agronegócio. Outra coisa aí que é importante a gente falar, a maior parte hoje na agricultura familiar, é mulher. Que sustentam seus filhos, tocam seus negócios, pequenos negócios. E a capacitação, que cada vez mais nós estamos querendo, estamos evoluindo”, analisa Teka em entrevista à CNA.

Na Câmara dos Deputados

Aline Sleutjes, deputada federal e presidente da Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados. Foto: Divulgação/Câmara

A deputada federal Aline Sleutjes (União/PR), é outro exemplo de força feminina no agro. Natural do Paraná, hoje ela é presidente da Comissão de Agricultura e Desenvolvimento Rural na Câmara dos Deputados. Além de integrar a Frente Parlamentar Agropecuária. O trabalho dela é defender o desenvolvimento do setor e a liberdade econômica do produtor rural.

“Precisamos incentivar muito a produção do leite, principalmente o consumo interno que aqui no Brasil ainda é pouco, não só do leite, mas também dos derivados que agregam valor que faz com que a vida dos produtores seja melhor. Obviamente que não trabalhei só com o leite nesses 3 anos, todos os setores são importantes da agropecuária, mas como uma filha de Castro que é a capital nacional do leite, devo aqui uma entrega importante, um legado para esse setor”, comentou a deputada em entrevista à CNA.

No Ministério da Agricultura

Tereza Cristina, Ministra da Agricultura. Foto: Antônio Araújo/MAPA

Representatividade feminina no agronegócio, que atinge o ponto máximo, ao ter no cargo de Ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, a engenheira agrônoma, Tereza Cristina. Filha de produtores rurais do Mato Grosso do Sul, desde sua formação acadêmica, vem trabalhando para fortalecer instituições ligadas ao agro. Foi superintendente do Senar Sul-mato-grossense e lá ampliou os cursos de formação para pequenas produtoras.

“Nós precisamos de muita gente engajada nesse projeto. A gente tem visto muitas moças hoje trabalhando nessa área, na minha época éramos 6 ou 7 numa turma de 100 alunos. Hoje a gente vê muitas mulheres trabalhando, conduzindo propriedades, empresas do agro de inovação, de tecnologia. São grandes os desafios, com problemas, como resolver, como encaminhar. Mas a agropecuária brasileira é incrível, temos homens e mulheres que trabalham dia e noite. E muitas vezes as pessoas na cidade não entende esse trabalho tão árduo que é o do homem do campo”, afirmou a Ministra à equipe da CNA.


Luta e Independência

A Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG), fez um levantamento sobre o Perfil da Mulher no setor, que mostrou não só a participação das mulheres, mas também características como escolaridade alta, independência financeira, abertura à inovação, comunicação e visão ampla no negócio.

A mulher que atua no agronegócio brasileiro, tem cada vez mais se especializado e adotado tecnologia. Segundo a pesquisa, que entrevistou 300 gestoras de produção agropecuária de todas as regiões brasileiras, além de mulheres líderes do setor, 57% das entrevistadas participam ativamente de sindicatos e associações rurais, 60% possuem curso superior completo, 55% acessam a internet todos os dias e 88% se consideram independentes financeiramente.

Mulheres, que até tem um jeito sensível, mas tem também um instinto forte. Estudam, trabalham e se reinventam há cada dia, buscando seu lugar ao sol. E o objetivo no agronegócio, não é disputar o poder com os homens, mas garantir que elas podem ser tudo aquilo que sonham, independente da atividade.

“E sabe como é possível? Com muita luta, com muita garra, sem desistir. E gente, acreditando na gente. Vamos todo mundo pra frente”, reforça Teka Vendramini, presidente da Sociedade Rural Brasileira.

Janaina Honorato
Janaina Honorato
Jornalista especialista em agronegócio com formação em marketing digital. Experiência de 9 anos com comunicação para o agronegócio em reportagens de TV, rádio, impresso e internet.
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