Preocupada com iminente crise econômica no Estado de Goiás, provocada pela quebra na safra de grãos 2023/2024 e a queda acentuada nos preços de comercialização, a Associação dos Produtores de Soja e Milho de Goiás (Aprosoja-GO) protocolou um pedido de audiência emergencial com o governador do Estado de Goiás, Ronaldo Caiado. O objetivo é discutir o cenário atual e deliberar medidas efetivas para mitigar os impactos dessa safra aos produtores rurais e à economia goiana de forma geral.
“A produção de soja e milho tem relevância estratégica para o suprimento da agroindústria em Goiás e gera grande quantidade de empregos no campo e na cidade. Uma crise econômica como essa também reflete no comércio, serviços, turismo, poder público, ou seja, em toda a sociedade”, ressalta o presidente da Aprosoja-GO, Joel Ragagnin.
Embora a safra de soja ainda esteja em andamento, as perdas já são evidentes. Em diversas regiões, chuvas irregulares atrasaram a semeadura e ocasionaram replantios. Hoje, muitas lavouras nas regiões Norte, Nordeste e Vale do Araguaia ainda estão na fase vegetativa.
Já na parte Centro-Sul de Goiás, especialmente no Sudoeste, a colheita iniciou ainda no final de dezembro, o que é raro acontecer. A estiagem somada às altas temperaturas acelerou o ciclo das plantas, principalmente as cultivares precoces, que chegaram ao ponto de colheita mais cedo – mas, com muitas perdas no seu potencial produtivo. Atualmente, a colheita de soja em Goiás está estimada em cerca de 20% da área.
Diante das informações obtidas até o momento, a Aprosoja-GO estima perdas na produtividade de soja em torno de 15% em relação à safra 2022/2023. Já o relatório produzido pela “Expedição Safra Goiás”, realizado em janeiro de 2024 pela Federação de Agricultura e Pecuária do Estado de Goiás (FAEG) e parceiros, apontou perdas potenciais de 15% a 23% na produtividade das lavouras de soja goianas na safra 2023/2024.
A situação é tão preocupante que, no início de fevereiro, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, decretou situação de emergência em 25 municípios do Sudoeste goiano e Vale do Araguaia, referente às condições climáticas que prejudicaram as lavouras e causaram prejuízos importantes naquelas localidades.
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Não bastassem as perdas em produtividade, os baixos preços de soja e milho nos mercados internacional e local também preocupam os produtores. Conforme levantamento do Instituto para o Fortalecimento da Agropecuária de Goiás (IFAG), as cotações desses grãos estão em patamares inferiores a 30% na comparação com o mesmo período do ano passado – e os custos de produção seguem elevados.
Nesse contexto, a Aprosoja-GO enviou ao governador uma nota técnica com análises sobre o atual cenário e os possíveis danos que podem incidir sobre a cadeia produtiva agropecuária, principal vetor de desenvolvimento do Estado. Dentre as medidas sugeridas pela Aprosoja-GO, estão a isenção da contribuição ao Fundeinfra (Fundo Estadual de Infraestrutura) pelos produtores de soja e milho do Estado de Goiás pelo período de 365 dias; o reforço de linhas de crédito especiais, como o FCO; e a possibilidade de renegociação e prorrogação de débitos de produtores afetados pela estiagem.
“O Governo do Estado de Goiás já demonstrou disposição em revisar políticas públicas relativas a contribuições e incentivos, em caso de situações críticas. Precisamos desse apoio na adequação das políticas vigentes diante da realidade econômica atual do setor agropecuário”, destacou o presidente da Aprosoja-GO.
A APROSOJA-GO aguarda retorno do governador sobre a data da audiência.