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Algodão: do campo à roupa e a mil e um produtos

Fibra natural está presente na indústria têxtil, farmacêutica, alimentícia e até financeira

O algodão é uma fibra natural, produzida pela planta algodoeiro em regiões tropicais e subtropicais. Há registros de usos desse arbusto no México que datam de 5.000 A.C. e indícios de que a cultura foi domesticada por civilizações pré-colombianas em 2.500 A.C. Hoje, mais de 100 países produzem a pluma, respondendo por 30% do mercado têxtil mundial.

A cultura é cultivada em escala comercial por suas fibras e sementes. Dentro de cada fruto do algodoeiro – também chamados de maçãs, cápsulas, ou capulhos quando abertos – há cerca de 27 a 45 sementes. De 10.000 a 20.000 fibras de aproximadamente 28 mm de comprimento estão presas a cada caroço. As fibras são compostas de celulose, com fina camada de ceras e óleos e são ocas por dentro.

Produção

Segundo pesquisadores, a produção de algodão no Brasil, teria começado no Estado do Maranhão, com a variedade arbórea de fibras longas, cultura permanente com finalidades comerciais, chegando a exportar para a Europa. Já o algodão herbáceo, de fibras mais curtas e de ciclo anual, teria iniciado no século XVIII, em São Paulo, com a revolução industrial na Europa.

O Brasil hoje é o quarto maior produtor de algodão do mundo, sendo o segundo maior exportador. Na produção fica atrás de Índia, China e Estados Unidos.

“Com o emprego de tecnologia nas lavouras de ciclo anual, a produtividade média de fibra por hectare saiu de 90 a 120 quilos para média 1.800 quilos de fibra por hectare. Tudo com materiais genéticos eficientes dos centros de pesquisa como a Embrapa e com o trabalho e empenho dos produtores rurais brasileiros. Isso propiciou uma produção poupa-terra, se produz muito mais com menos hectares, do que se produzia quando a cultura começou a ser implantada no Brasil”, Alderi Araújo chefe geral da Embrapa Algodão, centro nacional de pesquisa da cultura, em Campina Grande na Paraíba.

Dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), mostram que o país plantou nesta safra 2021/22 cerca de 1,6 milhão de hectares de algodão, 16,8% a mais comparado ao ciclo anterior.

A produtividade foi parcialmente afetada por estresse hídrico em algumas lavouras, enquanto que a qualidade da pluma, que tem produção estimada em 2,55 milhões de toneladas, está muito boa devido ao clima. A falta de chuvas favoreceu o andamento da colheita, prevista para finalizar em setembro.

Algodão em Goiás

Na região Centro-Oeste, o algodão era cultivado desde antes da década de 1970, mas a produção era pouco representativa. A partir do início da década de 90, a adaptação de tecnologias para explorar as grandes extensões de terras planas mecanizáveis e o clima favorável, possibilitou um rápido crescimento da produção de algodão nessa região.

Em Goiás, a colheita desta temporada praticamente foi encerrada. Segundo a Associação Goiana de Produtores de Algodão (Agopa), nesta safra 2021/22, o estado registrou uma área plantada de 28,3 mil hectares. A expectativa é de uma produtividade de 1.854 kg/hectare de algodão em pluma.

Utilidades

A cultura do algodão com a indústria têxtil, só perde em números de geração de emprego e renda para a indústria automobilística, desde as fazendas até a logística, descaroçamento, processamento e embalagem. É um produto de extrema importância socioeconômica para o Brasil, por ser a maior fonte de fibras naturais.

Foto: Divulgação

“Hoje o algodão é uma cultura extremamente importante para o Brasil e versátil, que todos têm contato no dia a dia. Todos nós sempre usamos uma peça de roupa de algodão ou usa um produto a base de algodão. É uma cultura que emprega muito em toda a cadeia. É produzida em amplas áreas, mas com todas as práticas sustentáveis, inclusive dois selos reconhecidos internacionalmente que atestam produção com responsabilidade”, afirma.

A pluma do algodão

A pluma representa cerca de 39% do peso do algodão. A indústria analisa características comerciais, como: comprimento, finura, maturidade e resistência.

Ela é utilizada principalmente na indústria têxtil na formação de fios, tecidos, confecção e linhas. Também tem utilidades em produtos de enfermagem: ataduras, esparadrapos, cotonetes e algodão hidrófilo farmacêutico. Além da indústria de papel e celulose, feltros, estofamento e etc.

Foto: Divulgação

O caroço de algodão

O caroço responde aproximadamente por 61% peso do algodão. Entre 18% e 25% é composto por óleo; 20% a 25% por proteína bruta. Do caroço ainda é extraído o línter, fibras curtas de 3,0 a 12,0 mm de comprimento.

Na indústria de alimentos é usado para produzir óleo refinado, margarina. Na pecuária de corte, o caroço é prensado e usado como torta de algodão para alimentar animais ruminantes, como bovinos; além de ser utilizado como adubo. O línter se transforma em fibras mais longas para produtos de enfermagem e em fibras médias/curtas para produzir celulose. Além do uso para fabricação de biodiesel e até de componentes da pólvora.

Papel moeda de algodão

O algodão ainda tem uma aplicação pouco conhecida, que é a utilização da fibra natural para a fabricação de papel moeda. Cerca de 75% da composição do papel moeda corresponde a algodão e 25% a linho, que dão maior resistência e durabilidade às notas.

Janaina Honorato
Janaina Honorato
Jornalista especialista em agronegócio com formação em marketing digital. Experiência de 9 anos com comunicação para o agronegócio em reportagens de TV, rádio, impresso e internet.
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