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A evolução da agricultura no Cerrado Brasileiro

Pesquisa e Tecnologia fizeram do Cerrado o coração do agronegócio no país

A região central do Brasil, definida pelo bioma Cerrado tem uma área de 2 milhões de hectares, ou seja, mais de 200 milhões de campos de futebol. Representa 25% do território brasileiro em 11 estados: Goiás, Tocantins, Maranhão, Piauí, Bahia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, São Paulo e Distrito Federal. Está presente também em pequenas porções dos estados do Paraná, no sul do Brasil, e de Rondônia, na região Norte.

A expansão da produção agropecuária na região do Cerrado foi o resultado de uma série de fatores com destaque para a migração e a colonização. Além dos programas de desenvolvimento do Governo Federal, o avanço da infraestrutura, adaptação tecnológica de produção, o aumento do preço das terras nos estados do Sul e Sudeste do Brasil e em São Paulo, aumento da demanda interna de alimentos, das exportações.

Élcio Perpétuo Guimarães, é chefe geral da Embrapa Arroz e Feijão, localizada em Santo de Goiás. Chegou no Cerrado na década de 70, quando não havia praticamente nada cultivado. De lá pra cá, ele viu esse cenário se transformar e ser não só o berço das águas, mas o berço da produção de alimentos no Brasil.

“Na década de 70, não existia uma agricultura comercial, eram somente plantas nativas do Cerrado e pastagem, a maioria delas, também nativas, degradadas e sem tecnificação. O arroz de sequeiro, hoje conhecido como arroz de terras altas, foi uma das primeiras culturas a serem estabelecidas no Cerrado, era a cultura que “amansava” o solo”, explica Élcio Guimarães.

Para o plantio de arroz de sequeiro, segundo o pesquisador, o solo recebia calcário para diminuir sua acidez e o elevado teor de alumínio, além de ser usado fertilizantes para o cultivo de forrageiras.

“Os solos do Cerrado, em geral, possuem baixa fertilidade. O arroz permanecia no sistema por dois anos, no máximo três, e em seguida, toda área se tornava pastagem. Não se falava em soja, milho, algodão ou outras culturas que hoje se vê por todos os lados no Cerrado. Essas culturas somente vieram para a região depois, quando cultivares adaptadas às condições do bioma foram desenvolvidas”.

A expansão da agricultura

O Brasil, na década de 70, era importador de alimentos. Não havia segurança alimentar, estava sempre em risco, porque não se produzia o suficiente aqui e se precisava contar com o que vinha de fora. O cenário em 50 anos, mudou completamente, hoje o país é um dos principais exportadores mundiais. Quem mais contribuiu para a mudança desse cenário foi a região do Cerrado.

“Isso ocorreu graças a políticas públicas que priorizaram a ocupação do bioma. Por meio de ciência e tecnologia, nossos agricultores migraram dos sistemas que produziam a sistemas sustentáveis, deixando para trás áreas degradadas. O agronegócio na região dependia da criação extensiva e pouco produtiva do gado de corte. Hoje, além de termos o plantio direto como regra para uma produção sustentável, o produtor possui a sua disposição, sistemas que integram lavoura, pecuária e floresta, ampliando o leque de oportunidades para o produtor rural”, conta o chefe geral da Embrapa Arroz e Feijão.

A transformação foi percebida em números. Na década de 70, o Cerrado produzia cerca de 40 milhões de toneladas de grãos, em 2022 estamos próximos aos 270 milhões de toneladas. No nome, o solo pode ser conhecido como pobre, mas a tecnologia e muito trabalho mudaram isso.

Pesquisa e Tecnologia transforma a agricultura no Cerrado

O Cerrado é uma região de solo pobre e o agronegócio com grande diversidade de culturas, que existem na região hoje, só foi possível com o trabalho da pesquisa, investimentos em ciência e tecnologia.

“O incentivo de políticas governamentais junto ao processo de migração de agricultores experientes da região sul do país, para o Cerrado, que trouxeram seus conhecimentos para a agricultura do Cerrado. Essa combinação é a responsável pelo agronegócio de hoje. Os pesquisadores foram capazes de avançar muito na direção de corrigir esses solos e desenvolver cultivares adaptadas a essas condições”.

Agora, com cultivares como as de soja e milho foram desenvolvidas e adaptadas ao Cerrado. Com anos de estudos, cultivares adaptadas e bem produtivas vêm chamando a atenção para o bioma a nível mundial.

Embrapa: fundamental para a agricultura do Cerrado

A Embrapa é uma das principais responsáveis pelo avanço do agronegócio brasileiro, inclusive na região do Cerrado. Claro que várias instituições dos estados brasileiro de pesquisa, universidades e empresas privadas, também contribuíram para essa evolução.

“A Embrapa tem focado sua pesquisa há muitos anos, em desenvolver sistemas de produção sustentáveis. Para isso, a diversificação de culturas é essencial. Entretanto, não podemos deixar de lado o bom manejo dos solos e sua melhoria com o uso sistemas, como o plantio direto e uso de culturas de cobertura. A agricultura se modernizou e hoje a Embrapa trabalha com temas como agricultura 4.0, bioengenharia, bioeconomia e buscando diversificar as oportunidades para o bioma”, analisa Élcio.

Agronegócio e Sustentabilidade

Segundo Élcio Guimarães, um dos principais focos da Embrapa com as pesquisas é melhorar a produtividade e a rentabilidade do agronegócio brasileiro, mas sempre considerando a preservação dos biomas. Afinal, produzir com sustentabilidade é a nova agenda mundial do agro.

“As pesquisas desenvolvidas pela Embrapa estão centradas, mesmo antes da existência do conceito e popularização do ESG (ambiente, social e governança), no desenvolvimento de produtos que entreguem ao agricultor oportunidades de negócio, em um ambiente sustentável e com forte viés social”.

Bioinsumos

O conflito entre Ucrânia e Rússia, umas das principais fornecedoras de fertilizantes NPK (Nitrogênio, fósforo e potássio) para o mundo, acendeu o alerta do Brasil para diminuir a dependência de importação desses insumos de outros países. Segundo pesquisadores, essa independência passa pela produção de bioinsumos.

“Hoje, uma das principais linhas de pesquisa da Embrapa é a de bioinsumos, produtos amigáveis ao ambiente e que aumentam o rendimento e a rentabilidade dos cultivos, preservando a integridade ambiental. Agricultura de baixa emissão de carbono com tecnologias como “carne carbono neutro” e “soja baixo carbono”, entre tantas outras”, afirma Elcio Perpétuo Guimarães, chefe geral da Embrapa Arroz e Feijão.

Janaina Honorato
Janaina Honorato
Jornalista especialista em agronegócio com formação em marketing digital. Experiência de 9 anos com comunicação para o agronegócio em reportagens de TV, rádio, impresso e internet.
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