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Goiás é pioneiro na criação de Programa Estadual de Bioinsumos

Uso de produtos biológicos no agronegócio cresce 37% no país na safra 2020/2021

Agricultura sustentável, produção que preserva e que causa o mínimo impacto. Assuntos que estão cada vez mais na agenda do agronegócio brasileiro e que pretende aliar desenvolvimento no agronegócio com proteção dos recursos naturais. Uma exigência do mercado internacional no quesito exportação, é que a produção rural tenha responsabilidade social, econômica e com o meio ambiente.

Os bioinsumos ou defensivos biológicos são produtos exemplos de tecnologias que fazem parte de estudos para garantir produção com sustentabilidade. Esses produtos são feitos com base vegetal, animal ou microbiana; formados por insetos, bactérias, fungos, vírus, plantas, extratos de plantas e algas; enzimas, vacinas e outros tipos de ativos.

O objetivo é destiná-los no uso da produção, no armazenamento e no beneficiamento das atividades agropecuárias, dos sistemas de produção aquáticos ou de florestas plantadas. Eles são capazes de interferir positivamente no crescimento, no desenvolvimento e nos mecanismos de respostas de plantas animais e microrganismos.

Uso dos Bioinsumos

Os bioinsumos podem ser usados para combater pragas e doenças, melhorar a fertilidade do solo e impulsionar o crescimento de plantas e animais. Os produtos são pouco tóxicos e biodegradáveis, considerados amigáveis ao meio ambiente.  Além disso, auxiliam na diminuição de custos com fertilizantes e defensivos químicos, maioria importados e com preços altos cotados em dólar.

Outros fatores importantes são: a redução do risco de contaminação do meio ambiente e de pessoas que utilizam os produtos, evitando problemas de saúde; a produção de alimentos mais saudáveis e a promoção do equilíbrio ambiental, com mais nutrição do solo e com presença de inimigos naturais.

O Agro Brasileiro e os Bioinsumos

O uso de bioinsumos vem sendo uma tendência mundial, justamente por aliar economia e preservação. Em um levantamento feito pela empresa Spark Inteligência Estratégica, mostra que em todo o País na safra 2020/2021, o mercado de bioinoculantes (desenvolvimento de plantas) e biodefensivos (controle de pragas), movimentou R$ 1,7 bilhão, um crescimento de 37% na comparação com o ciclo 2019/2020.

O Governo Federal lançou em maio de 2020 o Programa Nacional de Bioinsumos, envolvimento sustentável da atividade agropecuária no Brasil, o que vem fomentando mais ainda o investimento no setor.

Bioinsumos em Goiás

Goiás saiu na frente quando o assunto é bioinsumos. A Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), elaborou o primeiro Programa Estadual de Bioinsumos do Brasil, que foi instituído em maio de 2021 (Lei Estadual nº 21.005/2021), menos de um ano após o lançamento do Programa Nacional, o que vem servindo de exemplo para outros estados brasileiros.

A atuação do projeto será em quatro diretrizes: pesquisa, processos e tecnologias; comunicação e cultura; desenvolvimento das cadeias produtivas; e inteligência e sustentabilidade. “Nossa legislação favorece uma produção de baixo impacto ambiental. Com a diminuição do uso de químicos, temos alimentos de melhor qualidade para fornecer não só aos brasileiros, mas ao mundo”, diz o secretário Tiago Freitas de Mendonça, titular da Seapa.

No estado, também segundo pesquisa da empresa Spark, 16% da área cultivada de soja em Goiás na safra 20/21 utilizou algum biodefensivo. No caso do algodão, chegou a 96%, número expressivo e que deve seguir crescendo, já que o objetivo da Seapa, é construir no estado Biofábricas para produzir biológicos e disponibilizar a tecnologia aos produtores rurais goianos.

“É muito vantajoso para agropecuária goiana, para todo setor do Agronegócio, além de deixar mais sustentável, traz mais economicidade de recursos para os produtores rurais, trazendo mais competitividade”, analisa superintendente de Produção Rural Sustentável da Seapa, Donalvam Maia.

A Produção de Bioinsumos em Goiás

Os investimentos previstos são R$ 8 milhões e a pesquisa de insumos biológicos em Goiás ganhará o reforço de 13 biofábricas a partir deste ano. Isso foi definido em dezembro do ano passado, em reunião da Seapa com representantes de produtores rurais, órgãos estaduais, federais e instituições de ensino. O grupo definiu 27 objetivos para os próximos meses, sendo um deles o de abrigar, em Goiás, o maior ecossistema de inovação em bioinsumos do Brasil.

Os equipamentos para as biofábricas vão ser adquiridos no início deste ano, com recursos do Tesouro Estadual. Nove biofábricas serão instaladas em unidades do IF Goiano, no interior do Estado; duas na Universidade Estadual de Goiás (UEG), em Anápolis; e mais duas na Universidade Federal de Goiás (UFG), em Goiânia. A UEG prevê ainda o aporte de recursos em uma linha de pesquisa específica sobre bioinsumos.

Fazem parte do programa, várias instituições públicas e privadas desde a pesquisa, passando pela produção e assistência técnica. “Foi criado um comitê com várias entidades, voltado a incentivar a utilização de bioinsumos, serão instaladas 13 biofábricas, isso pra atender os pesquisadores e isso lá na frente além de atender a iniciativa pública e privada, vai atender diretamente os produtores rurais, levando uma nova oportunidade, por meio das universidades, da Emater, da Ceasa, Agrodefesa, Sistema Faeg Senar. Essa junção de todos os atores, vai levar uma melhor qualidade da produção”, explica.

O Brasil passou vem passando por uma crise na importação de fertilizantes e defensivos químicos. Além da agenda ambiental, Donalvam acredita que a produção de bioinsumos dentro do país facilitará para o produtor não ter dificuldade de encontrar produtos para proteger e potencializar sua produção.

“Os desafios com o aumento dos custos de produção, custos de defensivos, fertilizantes muitos que são dolarizados, os bioinsumos são uma altenativa de produção dentro de casa, ou seja, tecnologia própria, vários atores envolvidos, para construir soluções mais baratas e mais sustentáveis para agropecuária goiana”, finaliza Donalvam.

Produtor Goiano aposta nos Bioinsumos

Produtor Paulo Roberto Buffon, de Rio Verde, sudoeste de Goiás, aposta na produção e uso de bioinsumos nas lavouras de soja e milho. Foto: Enio Tavares/Seapa

Produtores do estado já vêm utilizando produtos biológicos e conseguindo bons resultados, em lavouras como soja, milho, feijão e algodão. É o caso Paulo Roberto Buffon, que também é engenheiro agrônomo e cultiva soja e milho em Rio Verde, na região sudoeste de Goiás. Ele começou a testar bioinsumos em 2005. Em 2013 implantou uma fábrica de biológicos na propriedade e com isso vem reduzindo a dependência de insumos importados.

A biofábrica tem com dois conjuntos de tanques com três reservatórios. No conjunto de fermentadores, Buffon produz duas bactérias isoladas: Bacillus subtilis (para controle de fitonematoides e fungos patogênicos) e Azospirillum (para fixação de nitrogênio, promoção de crescimento do milho e coinoculação da soja). No outro conjunto, acontece a extração do composto Soil Food Web, um “chá” de fungos, bactérias, protozoários e nematoides (utilizado para revitalizar a cadeia de microrganismos do solo).

“Esta é a primeira safra que trabalhamos com 100% de produto biológico no sulco. Já suprimimos o uso de fungicidas no tratamento de sementes da soja. No milho faremos o mesmo processo. Trabalhamos com aplicação em cobertura nessas áreas e temos uma área de teste de 80 hectares, onde queremos chegar a 100% de uso de produtos biológicos. Vamos aprendendo até chegar o momento em que vamos usar 100% de produtos biológicos no cultivo. A lavoura é um sistema vivo, e deve ser tratada em suas especificidades”, conta.

Janaina Honorato
Janaina Honorato
Jornalista especialista em agronegócio com formação em marketing digital. Experiência de 9 anos com comunicação para o agronegócio em reportagens de TV, rádio, impresso e internet.
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