O mercado do boi gordo finalizou janeiro com uma valorização expressiva, apesar das flutuações nos preços ao longo do mês. O indicador do Cepea/B3 registrou um aumento de cerca de R$ 14 por arroba, reflexo da oferta limitada de animais para abate e de uma recuperação parcial nas exportações. Contudo, a transição para fevereiro traz um cenário incerto, com frigoríficos pressionando para reduzir os preços e o mercado interno ainda vulnerável.
Alta na primeira quinzena e estabilidade no fim do mês
Segundo dados da consultoria Safras & Mercado, janeiro teve duas fases bem distintas. Nos primeiros 15 dias, o mercado foi mais firme, impulsionado pela oferta restrita e pelas boas exportações. O preço do boi gordo atingiu R$ 330/@ em São Paulo, um aumento de 3,77% em relação ao fechamento de dezembro.
No entanto, na segunda metade do mês, a demanda interna diminuiu, impactando os preços no mercado atacadista. Os preços dos cortes bovinos caíram, especialmente no traseiro, que sofreu uma redução de 4,49%. Esse cenário impediu um aumento mais expressivo no preço da arroba, uma vez que os frigoríficos desaceleraram as compras devido ao consumo mais baixo da população.
Fatores de pressão: oferta de fêmeas e demanda doméstica enfraquecida
Além da queda na demanda, outro fator que exerceu pressão sobre os preços foi o aumento na oferta de fêmeas para abate. De acordo com levantamento da Agrifatto, a recuperação das pastagens acelerou o ganho de peso das vacas e novilhas, tornando sua comercialização mais atrativa. Como resultado, muitos frigoríficos passaram a priorizar essas categorias, diminuindo a necessidade de aquisição de bois terminados.
A pressão baixista resultou em um recuo nos preços na última semana de janeiro. Em São Paulo, por exemplo, a arroba caiu para R$ 325 na sexta-feira (31), enquanto a média nacional ficou em R$ 302,50. Outro ponto de atenção foi a influência da demanda doméstica, que continuou fragilizada. No atacado, os cortes bovinos registraram queda, enquanto a preferência do consumidor se manteve em proteínas mais baratas, como frango e ovos.
Preços da arroba do boi gordo em 30 de janeiro nas principais praças do Brasil:
- São Paulo (Capital): R$ 330, alta de 3,77% em relação aos R$ 318 de dezembro
- Goiás (Goiânia): R$ 315, aumento de 3,28% sobre os R$ 305 no final de dezembro
- Minas Gerais (Uberaba): R$ 320, crescimento de 4,92% comparado aos R$ 305 de dezembro
- Mato Grosso do Sul (Dourados): R$ 325, aumento de 3,17% sobre os R$ 315 de dezembro
- Mato Grosso (Cuiabá): R$ 320, subida de 6,67% em relação aos R$ 300 de dezembro
- Rondônia (Vilhena): R$ 290, valorização de 3,57% em comparação aos R$ 280 no fim de dezembro
Expectativas para fevereiro
O início de fevereiro será determinante para o futuro próximo do mercado. O pagamento de salários pode impulsionar a demanda de forma moderada, ajudando a sustentar os preços a curto prazo. No entanto, ainda há cautela, pois os frigoríficos continuam pressionando por preços mais baixos. O grande motor para uma possível alta será a exportação, que segue sendo o principal suporte do mercado. Em janeiro, o Brasil exportou 143,8 mil toneladas de carne bovina, gerando US$ 722 milhões. Se a demanda externa continuar firme, isso pode evitar uma queda mais expressiva no preço da arroba. Porém, se a oferta de fêmeas se mantiver alta e o consumo interno não reagir, os preços podem enfrentar mais pressão ao longo de fevereiro.
E agora, pecuarista?
Janeiro foi positivo para os pecuaristas, mas fevereiro traz novos desafios. O cenário dependerá da resposta da demanda interna e do desempenho das exportações. Se a entrada de salários no mercado e o aumento das compras pelos frigoríficos impulsionarem o mercado, o setor pode vivenciar uma recuperação. No entanto, o equilíbrio entre oferta e demanda será crucial para determinar a direção do mercado.