O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial do país, registrou alta de 0,73% em dezembro, acumulando aumento de 10,06% em 2021.
Os dados foram divulgados no dia 11 de janeiro, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). É a maior taxa acumulada no ano desde 2015, quando o IPCA foi de 10,67%.
Com isso, a inflação oficial ficou muito acima do centro da meta de 3,75% definida pelo Conselho Monetário Nacional para o ano de 2021, cujo teto era 5,25%.
De acordo com o IBGE, o resultado foi influenciado principalmente pelo grupo transportes, que variou 21,03% no acumulado do ano. Em seguida vieram habitação, com alta de 13,05%, e alimentação e bebidas, que aumentou 7,94% em 2021.
Essa sequência de aumentos na inflação impactou em todos os setores da economia, inclusive no agronegócio, desde o fornecimento de insumos até na parte de escoamento da safra em 2021, é o que analisa Ênio Fernandes, consultor de mercado da Terra Agronegócios.
“Este processo inflacionário foi impactante, principalmente pela alta do dólar, a qual se reflete diretamente nos custos dos insumos e dos combustíveis. Mas não podemos esquecer que toda cadeia foi afetada, várias interrupções, derivado dos lockdowns, desarticulou inúmeras cadeias de suprimentos”, pontua Ênio.
O produtor rural fechou o ano com custos maiores para produzir as matérias-primas da indústria e com uma margem de lucro apertada. A partir daí, acontece um aumento nos setores depois da porteira, até chegar no preço que o consumidor paga.
“Com os custos aumentando, os produtos agrícolas tiveram valorizações aqui e lá fora. O setor de proteína animal, grãos, fibras, biocombustíveis, todos tiveram surtos inflacionários. Com isso, a margem do produtor foi diminuída, inflação aos consumidores e perda de renda. Mas, com a alta das taxas de juros no Brasil e em outras nações do mundo, esse processo tende a não se repetir. Mas o ponto negativo, é que veremos uma redução da atividade na economia, não vamos crescer nada em 2022”.
E para o ano que vem, a orientação de Ênio Fernandes é que o produtor rural tenha cautela na hora de investir e gerenciar as finanças da atividade.
“Ele precisa ter mais sofisticação em suas operações financeiras, focar muito na gestão de sua propriedade e respeitar bastante o fluxo de caixa. Caso contrário, pode ter problemas no longo prazo”, conclui o analista de mercado.