Na última semana, o tema potencial do etanol de milho para o Brasil chamou a atenção do mercado, à medida que o produto ganha cada vez mais espaço no país. Sobre as vantagens e desvantagens do produto frente ao etanol feito a partir da cana-de-açúcar, Marcelo Bonifácio, analista da StoneX, ressalta que em termos de custo, a comparação com o etanol de milho e a cana depende muito da região.
“O custo operacional (em R$/litro) da produção de etanol de cana é menor se compararmos, por exemplo, a média centro-sul (cana) com a média no Mato Grosso (usinas de milho). Para o setor de milho, existe uma concentração das usinas no Centro-Oeste, próximas da produção do milho, principalmente em Mato Grosso. Olhando para a cana, a gente tem uma variação maior em termos de custo por conta da disponibilidade de matéria-prima e também concentração da matéria-prima. Em São Paulo, o custo do etanol de cana tende a ser menor se comparado a outras regiões“, explica.
Para a StoneX, a safra 23/24 de milho do Brasil deve girar em torno de 124,44 milhões de toneladas, enquanto o ciclo 24/25 da cana deve girar em torno de 602,2 milhões de toneladas para a consultoria.
Etanol: Milho x cana-de-açúcar
Bonifácio ressalta, que quando comparados os dois setores, é necessário olhar para o lado da receita, e assim, das margens.
“A grande vantagem do etanol de milho, em termos de rentabilidade, são as receitas que as usinas possuem com os diversos coprodutos gerados nos esmagamentos do milho na destilação do álcool. Além do próprio etanol, as usinas de milho possuem os DDGs (Grãos Secos de Destilaria), que são produtos usados na dieta animal e vêm ganhando espaço no mercado interno e em exportações no Brasil”, avalia.
Coprodutos
A vantagem do DDG é que, em momentos de elevação do preço do milho, que aumenta o custo da usina, há a contrapartida de que o DDG tende a subir também por ser atrelado ao milho, melhorando a receita.
O analista destaca que existe a opção da produção do óleo de milho de destilaria, que é outra fonte de receita das unidades de milho.
“No Brasil, contudo, são poucas as usinas que possuem essa tecnologia, diferente dos EUA, que contam com um mercado tradicional. As usinas de etanol de cana, por outro lado, tem sofrido bastante com a queda dos preços nos últimos dois anos, e não possuem alternativas nos coprodutos como existe no etanol de milho”, diz.
Manejo
Em termos de manejo, a cana-de-açúcar possui a vantagem, por exemplo, da cogeração de energia com o bagaço, algo que não existe para as usinas de milho que precisam buscar fontes de energia não cogeradas.
O milho, por sua vez, tem a vantagem de armazenamento por longos meses, o que oferece melhor planejamento das empresas em termos de matéria-prima. Já a cana precisa ser colhida e levada em até 48 horas para ser moída na usina, não possuindo a opção de armazenamento.