Para que os alimentos saiam das propriedades rurais e cheguem à mesa dos brasileiros e do mundo, é preciso seguir uma logística de transporte. No nosso país, o principal caminho dos alimentos acontece pelas rodovias. São 1 milhão 720 mil quilômetros de estradas no trecho que liga Mato Grosso ao Pará, pela BR-163, importante via de escoamento de grãos, o asfalto demorou a chegar. Por quase 40 anos, o cenário era desanimador.
Quem tinha que atravessar a BR-163 se lembra das dificuldades. A falta de infraestrutura comprometia toda a logística, prejudicando produtores rurais, transportadores, empresas de exportação e também o consumidor final.
O caminhoneiro, Alessandro da silva, que faz o trecho com frequência reforça que antigamente era um caos. “ Se chovesse o veículo não passava, e muitas vez a carga perdia” relembra Alessandro.
Agora, onde só enxergava lama e poeira, encontramos asfalto na maior parte do caminho. Dos 1.767 quilômetros que ligam Cuiabá a Santarém, 34 quilômetros ainda estão sem pavimentação. Porém, o diretor executivo do movimento pró-logística, Edeon Vaz explica que até 2019, eram 52 quilômetros não pavimentados, até o município de Miritituba, o que elevava o valor do frete. Com a pavimentação da BR, o motorista consegue fazer 6 a 7 viagens por mês”, comemora Edeon.
Para que a logística de escoamento da produção seja assertiva, a Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária criou o paralelo 16, uma linha imaginária que divide o brasil em duas grandes áreas produtoras. Dados reunidos pela CNA mostram que entre 2009 e 2020, a produção de grãos acima desse paralelo, que engloba as regiões norte, nordeste e parte do centro-oeste, aumentou 92,6 milhões de toneladas, crescimento de 165,3%.
Em 2020, o Brasil colheu 227,4 milhões de toneladas, sendo 65,3% nas novas fronteiras agrícolas. Assim, fatores importantes contribuíram para ampliar a logística de escoamento de grãos entre o Mato Grosso e o Pará. A pavimentação da BR-163 foi um dos principais avanços realizados no corredor logístico, e com as melhorias em infraestrutura, o transporte de soja e milho para os portos do arco norte passou por uma redução de custo de 26%.
E a logística, que integra o asfalto com a água, ainda viu a dragagem do rio tapajós, a instalação dos terminais privados, e a ampliação da estrutura de grãos nos portos de Belém, e de Itaqui, no Maranhão, medidas que também contribuíram para reduzir o valor do frete.
O porto de Miritituba, em Itaituba, no Pará é a primeira parada da produção vinda do mato grosso, que cresce em produtividade, safra após safra. Edeon explica que o transporte de carga pelos portos arco norte é viável e acessível, principalmente para as produções do centro-oeste e norte do país.
“ Nós temos já uma estrutura bastante considerável em Miritituba. Tem uma capacidade de transbordo de 18 milhões de toneladas. O ano passado, foram 11 milhões e meio feito o transbordo. E esse ano, nós acreditamos que deve chegar a 14 milhões de toneladas. Haverá um crescimento de 2,5 milhões a 3 milhões ao ano pela br 163”, analisa Edeon vaz.
Infraestrutura
Para o diretor executivo do movimento Pró-logística, Edeon Vaz, o avanço em obras de infraestrutura são de extrema importância para reduzir os custos dos transportes no Brasil.
“A pavimentação da BR-163, que vai do Mato Grosso ao Pará, por exemplo, permitiu a redução dos custos de transporte de grãos em 26%, contribuindo para o envio desses produtos para os portos do Arco Norte”, relata.
Segunda a CNA, a produção de grãos em novas fronteiras agrícolas foi de 8,4 milhões de toneladas por ano, enquanto que a de exportação foi de 3,2 milhões de toneladas ao ano.
“É como se a cada ano fosse criada a necessidade de implantar um terminal com capacidade de 5 milhões de toneladas para atender o desempenho de produção de soja e milho, cada vez mais recorde nos estados de Mato Grosso, Pará, Maranhão, Tocantins e Bahia”, afirma a assessora técnica da Comissão Nacional de Logística e Infraestrutura da CNA, Elisangela Pereira Lopes.
Para a assessora, a pavimentação da BR-163 MT/PA, a drenagem do rio Tapajós e a instalação dos Terminais de Uso Privado e a ampliação dos terminais de grãos no porto de Itaqui, no Maranhão, e dos portos de Belém, contribuíram para avanços expressivos na região.
Elisangela defende que para atender estas evoluções, a CNA apoia as intervenções logísticas, como a implantação da ferrovia Ferrogrão, que vai ligar o porto de Miritituba (PA), ao município de Sinop (MT), do Terminal Portuário de Outeiro (PA) e o derrocamento do Pedral de Lourenço (PA), no Rio Tocantins.
De acordo com o estudo da CNA, a produção de soja e milho abaixo do Paralelo 16 teve alta de 51,5%, um total de 26,8 milhões de toneladas de 2009 a 2020. Já os embarques pelos portos da região das regiões Sul e Sudeste aumentaram 149,7% de 54,2 milhões de toneladas.
“O crescimento das exportações nesses portos foi resultado de investimentos em ampliação, modernização e equipamentos; novos arrendamentos de terminais de grãos; medidas para melhorar a operacionalização (agendamento de caminhões); dragagem para aumentar a profundidade dos canais e acesso aos píeres e melhoria dos acessos terrestres (rodovias e ferrovias)”, diz a assessora.
Os portos que mais embarcaram grãos em 2020 foram Santos com 42,2 milhões de toneladas, representando 31,8% do total, Paranaguá/Antonina, com 22,5 milhões de toneladas e Rio Grande com 12,1 milhões de toneladas nas regiões Sul e Sudeste. No Arco norte, o sistema Belém/Guarajá embarcou 13,7 milhões de toneladas e São Luís/Itaqui/PDM foi responsável por 12,1 milhões de toneladas.
Fonte: CNA