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CNA apresenta balanço do agro em 2022 e perspectivas para 2023

Coletiva de imprensa foi realizada nesta quarta (7) e discutiu assuntos como produção, mercado interno e externo, política, insumos

A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) promoveu nesta quarta-feira (7), uma coletiva de imprensa virtual com o balanço do agro em 2022 e as perspectivas para 2023.

Na sua apresentação, o diretor técnico da entidade, Bruno Lucchi, destacou que a produção agrícola brasileira teve quedas em 2022, influenciada pelo clima com o fenômeno La Niña e a alta dos custos de produção da safra 2022/2023 um dos maiores nos últimos anos.

Fertilizantes

O preço dos fertilizantes se comparado de junho de 2021 a junho de 2022, foi o que mais impactou para a alta dos custos do produtor rural. O Cloreto de potássio teve aumento de preço de 107,2% no período; o Fosfato subiu 51% e a ureia 47,4%.

“Os custos para essa safra que se desenha agora, 2022/2023, os insumos que foram comprados no início desse ano, que estão sendo utilizados de agora pra frente, tem valores elevadíssimos. Para as cadeias do arroz, milho, soja e trigo, os aumentos foram de mais de 40%”, explica Luchi.

Ele destacou as alternativas de 2022, como o amplo investimento em bioinsumos para diminuir a dependência desses produtos químicos de outros países e que em 2023, terá continuidade das entidades e da indústria.

Na pecuária, com a alta do milho e do farelo de soja, que são os principais componentes da ração animal, os setores de bovinos, aves e principalmente de suinocultura intensiva tiveram grandes elevações nos custos. Na produção de leite, essa alta dos insumos foi ainda mais grave, visto que as margens do produtor já são baixas, o que desestimulou investimentos e a captação do produto foi menor neste ano.

PIB do Agronegócio

Com todo esse cenário, o PIB, que é o Produto Interno Bruto, a soma de todos os bens e serviços produzidos, no agronegócio, vai ter um resultado negativo em 2022, caindo 4,1%. O setor de insumos agrícolas será um dos poucos do agro a crescer.

Subsídios do Governo

O número de contratações do Plano Safra de julho a novembro de 2022, teve um aumento de 20%nas contratações, mas o produtor rural teve que superar paralisações dos recursos e a retomada com inflação em alta e taxas de juros valorizadas.

O Seguro Rural até novembro pagou aos produtores rurais, principalmente atingidos por geadas e estiagens fortes no Brasil, R$ 8,5 bilhões, o que amenizou um pouco os prejuízos.

Mercado Externo

O Brasil é o 3º maior exportador de alimentos do mundo. De janeiro a novembro de 2022, o País exportou US$ 148,3 bilhões de dólares, cerca de 48% do valor total de exportação Brasil e aumento de 23,1% em relação a 2021.

Os principais produtos embarcados para o exterior foram: soja, carne bovina, milho, farelo de soja, açúcar bruto. A China segue sendo o principal comprador, seguida pela União Europeia, Estados Unidos, Irã, Japão.

Em 2022, foram abertos 49 novos mercados de produtos agropecuários brasileiros para exportação, segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Entre os destaques, a China passou a comprar milho e amendoim em casca; o Canadá começou a comprar carne bovina brasileira; e o Egito importou banana.

Programa Agro.BR

O Agro.BR é um projeto da CNA em parceria com a Apex-Brasil que busca ampliar a pauta exportadora brasileira. O trabalho é feito junto a empreendedores rurais (pequenos, médios e grandes), na missão de levar seus negócios para novos clientes e novas realidades fora do Brasil.

O programa inclui iniciativas direcionadas para negócios que estejam em qualquer etapa do caminho da exportação. Isso inclui sensibilização, capacitação, apoio em plano de exportação, consultoria personalizada, participação em rodadas de negócios, suporte em escritórios no exterior e muito mais.

A projeção é que em 2023, se abra cada vez mais mercados de exportação de produtos agro, com o apoio desse projeto Agro.BR.

“O projeto apoia produtores rurais de cadeias que não são tradicionais da nossa pauta exportadora (soja, milho, carne bovina). Esse projeto ele atende cadeias menores: mel, pescado, frutas, que apesar do Brasil ser um grande produtor de frutas exporta apenas 2,5% da produção. É preciso esse trabalho para ampliar a base exportadora, incluindo esse médio e pequeno produtor”, destaca a diretora de relações internacionais da CNA, Sueme Mori.

Oportunidades não faltarão, já que a FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura) e a OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico) estimam que, nos próximos 10 anos a demanda por alimentos cresça 1,4% ao ano, por isso, aumentar a produção e a visibilidade do mercado brasileiro é importante.

Cenário 2023

Segundo Lucchi, é esperado para 2023, um crescimento na produção de soja, trigo, com bons estoques de soja e milho no Brasil, o que reflete uma tendência de queda de preços. O PIB do Agronegócio para 2023 deve oscilar entre 0% e 2,5% de saldo positivo.

A CNA espera que em 2023, haja uma desaceleração da economia global, com o PIB no mundo deve crescer tímidos 2,7%. As previsões são que os países de alta renda cresçam menos do que os países em desenvolvimento e isso influencia nas importações de produtos agropecuários.

Além da continuação da crise energética, a instabilidade geopolítica no Leste Europeu que ainda persiste e medidas protecionistas dos governos principalmente China, com possível volta dos casos de covid que podem impactar a segurança alimentar. Fora isso, somada com o conservadorismo da Europa e outras regiões quando o assunto é a pauta ambiental relacionada ao agronegócio.

Sustentabilidade

Entre os destaques da pauta sustentabilidade no agro em 2022, abordadas na coletiva ficaram: recorde de emissão de títulos de propriedade, promoção da irrigação e transição para a economia verde.

Na parte de regularização, estão os mais de 140 mil documentos titulatórios foram emitidos até setembro de 2022, desses 90% dos títulos concedidos foram entregues em nome de mulheres. Apenas 13 invasões de terras ocorreram de janeiro até setembro de 2022, conforme os últimos dados divulgados pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).

Quanto às mudanças climáticas, os debates e a assimilação dos compromissos decorrentes da 26ª Conferência das Partes sobre Mudanças do Clima (COP-26) foram destaque em 2022. A necessidade de implementação do Código Florestal e a ampliação da ambição do programa de agricultura de baixa emissão de carbono, além da contribuição do agro no Compromisso Global pelo Metano, mostraram a importância do setor no alcance das metas brasileiras entregues ao Acordo de Paris.

Ações para Sustentabilidade

O Brasil estabeleceu procedimentos de Planos Setoriais de Mitigação das Mudanças Climáticas e instituiu o Sistema Nacional de Redução de Emissões de Gases do Efeito Estufa (Decreto n° 11.075/2022).

O governo promoveu integração dos Sistemas de Dados do Setor Rural, por meio do Grupo de Trabalho Interministerial, gerando informações relevantes para o produtor rural (Decreto n° 11.071/2022).

A Instrução Normativa da Secretaria Patrimônio da União (28/2022) proporcionou maior segurança jurídica ao setor agropecuário ao regulamentar os critérios de demarcação de terrenos marginais e de marinha pertencentes à União.

Os Projetos de Lei n° 2168/2021 e n° 2294/2019, que tornam barragem como de utilidade pública e interesse social para a irrigação, avançaram nas comissões de agricultura e meio ambiente da Câmara.

Houve o lançamento de três polos de agricultura irrigada, junto ao MDR, a entidades e a federações; Foi implantado o Sistema Nacional de Informações sobre Irrigação (SINIR); e houve a contratação de consultores para apoio aos representantes do setor no Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (SINGREH).

Política

Durante a coletiva, quando perguntado se a CNA já havia se reunido com o governo de transição do Presidente Eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), João Martins, o presidente da CNA, abordou que o contato da entidade com a equipe de transição da Presidência da República, que assume em 2023, foi apenas através de um documento, que já haviam enviado durante a campanha eleitoral aos candidatos, com a opinião dos produtores rurais brasileiros.

Chamado O que esperamos dos próximos governantes, ele foi elaborado com o apoio dos sindicatos rurais nos municípios do Brasil e as Federações de Agricultura e Pecuária.

“Já que nós tínhamos uma pré-apresentação que é o documento, não vemos o porquê estar discutindo com o governo, seja ele qual for, porque nós nos antecipamos e fizemos por escrito e enviamos para todos os candidatos à presidência. Quando o governo esboçar realmente o que será a política para o agro e se tiver alguma coisa que julgamos não ser boa para o produtor rural, assim que entra a segunda parte, que a CNA fará a discussão da melhoria dessa proposta que foi apresentada por nós no documento”, afirma.

O documento enfatiza a necessidade das reformas administrativas e políticas para alocar os recursos de forma assertiva; reforma tributária, onde a CNA entende que o Governo precisa simplificar os impostos. Segundo a entidade, o documento busca o desenvolvimento social, ambiental e econômico do agronegócio e da sociedade brasileira, em busca de um Estado mais forte e estruturado.

Coletiva Completa

A coletiva completa sobre o balanço do agro em 2022 e perspectivas em 2023, pode ser acompanhado pelo canal do Sistema CNA/Senar, no link do Youtube https://www.youtube.com/watch?v=6aVYbtoL4BY

Janaina Honorato
Janaina Honorato
Jornalista especialista em agronegócio com formação em marketing digital. Experiência de 9 anos com comunicação para o agronegócio em reportagens de TV, rádio, impresso e internet.
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