A Inflação, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), teve queda de 0,29% em setembro de 2022. No mês de agosto de 2022, também houve queda de 0,39%, enquanto que em setembro de 2021, o índice teve alta de 1,16%. Mesmo com as últimas quedas, o IPCA ainda acumula alta de 7,17% nos últimos 12 meses, acima da meta para 2022, de 3,5%, com tolerância de 1,5 p.p. para cima ou para baixo.
Assim como nos últimos dois meses, o principal responsável pela retração no índice foi o grupo de Transportes (-1,98%). Todos os combustíveis pesquisados apresentaram queda, gás veicular (-0,23%), óleo diesel (-4,57%), etanol (-12,43%) e gasolina (-8,33%).
Entre os destaques de setembro, está o grupo de Alimentação e Bebidas, que caiu 0,51% frente a agosto, no mês anterior houve aumento de 0,24% e em setembro de 2021, crescimento de 1,02%. Alimentação no Domicílio apresentou queda de 0,86% no mês, em setembro de 2021 havia registrado alta de 1,16%.
Os principais responsáveis pela queda no grupo de Alimentos no Domicílio foram o leite longa vida (-13,71%), manga (-11,05%), óleo de soja (-6,27%), hortaliças e verduras (-3,93%) e carnes (-0,72%).
O grupo Habitação, que havia apresentado pouca variação em agosto (0,10%), registrou aumento de 0,60% em setembro, ocasionado pelo aumento da energia elétrica residencial, que subiu 0,78%, taxa de água e esgoto (0,27%) e gás encanado (0,11%). Ressalte-se que desde abril está em vigor a bandeira tarifária verde, em que não há cobrança adicional na conta de luz.
A projeção atual do Boletim Focus mostra que a inflação deve ultrapassar a meta do Conselho Monetário Nacional para 2022, 5,71% de 3,5%, ficando pouco acima do teto da meta, de 5,0%.
O que muda para o produtor?
A deflação registrada pelo IPCA nos últimos três meses traz alívio para o orçamento familiar. As quedas consecutivas no índice geral associada à redução nos preços dos alimentos, verificada este mês, traz a perspectiva de aquecimento na demanda por produtos agropecuários. Ressalte-se também a queda na taxa de desemprego, que caiu a 8,9% no trimestre móvel até agosto, se refletindo em aumento na massa salarial, o que deve impulsionar ainda mais o consumo das famílias por alimentos.
Principais altas de preço no mês de setembro/2022:
Limão – A baixa média pluviométrica tem influenciado na qualidade, enchimento e maturação dos frutos, culminando em oferta restrita e elevação dos preços.
Cebola – O mês de setembro foi marcado por uma oferta tímida de cebola. A redução das áreas cultivadas com a cultura na região Nordeste, atrelada à colheita em menor intensidade em São Paulo e Cerrado Mineiro e Goiano, em decorrência das chuvas, tem contribuído para as altas juntamente com a boa qualidade dos bulbos.
Banana prata – Atraso na maturação da fruta, influenciada pela redução nas temperaturas médias no Norte de Minas Gerais e Meio-Oeste Baiano, resultou em redução na oferta e elevação das cotações no mercado.
Maçã – Os estoques nacionais estão em baixa, movimento visto em resposta a produção aquém ao esperado na safra 2021/2022, que apresentou quebra na produção após período de estiagem. A dependência e preferência pelo produto importado tem ocasionado elevação nos preços.
Batata inglesa – A oferta de batata-inglesa esteve mais baixa ao longo de setembro, movimento já esperado pela ultrapassagem do pico de oferta da safra de inverno. A ocorrência de chuvas em Vargem Grande do Sul (SP), Sudoeste Paulista e Sul de Minas Gerais, principais ofertantes do produto no período, também contribuiu para a oferta refreada.
Principais quedas de preço no mês de setembro/2022:
Leite longa vida – O leite longa vida e os derivados lácteos apresentaram altas expressivas em meses anteriores em função da redução da produção no campo, altas que retraíram o consumo e geraram lentidão no escoamento no varejo, se refletindo em desvalorizações nos meses subsequentes. Com o retorno das chuvas em importantes regiões produtoras, a produção de pastagens é favorecida, lastreando maior produção e aumentando a oferta de leite no campo. O consequente aumento na captação industrial vem se refletindo em retração nas cotações da matéria prima, com a média Brasil para o leite ao produtor, calculada pelo Cepea, alcançando R$ 3,04 em setembro, desvalorização de 14,6%, valor próximo ao do leite longa-vida.
Manga – Ao longo do mês de setembro foi observada intensificação na colheita da fruta. Volumes exportados ainda se mostraram aquém ao esperado. A concorrência com o produto espanhol vem limitando os embarques nacionais, resultando em maior oferta no mercado doméstico. A finalização da safra espanhola, já esperada para as próximas semanas, irá permitir maior escoamento e equilíbrio no mercado nacional nos próximos períodos.
Óleo de soja – A pressão é intensificada pela menor demanda interna pelo produto. Com a manutenção da mistura de biodiesel em 10%, associada a expectativa de redução do consumo, os preços seguem o movimento de baixa e se intensifica diante das boas perspectivas de produção de soja para a próxima safra estimada em mais de 152 milhões de toneladas.
Hortaliças e verduras – Temperaturas mais amenas em grandes centros consumidores, como São Paulo impactam negativamente na demanda de tais produtos. Atrelado ainda, o início das chuvas reduz a qualidade do produto ofertado, pressionando as cotações.
Carnes – A boa disponibilidade interna e a demanda fraca no mercado doméstico têm pressionado para baixo os preços das carnes bovina e suína nas indústrias e, consequentemente, na ponta final da cadeia. No mercado atacadista, em setembro/22, a carne bovina caiu 1,9%, enquanto a carne suína se desvalorizou 5,1%, na comparação mensal, segundo dados do Cepea.