Todo setor para se tornar mais competitivo e rentável, é necessária uma administração das informações financeiras e operacionais. No agronegócio não é diferente, é preciso analisar não só produtividade, mas também os gastos para produzir levando em conta o preço de venda para o cliente.
A ausência de precisão sobre os números da atividade, pode comprometer as decisões tomadas ao longo do processo de produção, o que pode levar o produtor rural ao prejuízo na atividade.
A mensuração de números, age como referência de dados relevantes sobre custos, despesas, mercado e tecnologias, facilitando a tomada de decisão de qualquer atividade agropecuária. As empresas devem procurar diminuir seus custos e despesas, para que a margem de contribuição, preço menos custos e despesas variáveis, possa ser maior, bem como elaborar estudos sobre seus limites, não oferecendo produtos ou serviços com preços inferiores aos custos e despesas ou com margem insuficiente para o retorno do capital aplicado.
“Em análises estatísticas que a gente faz em cima do custo de produção e do preço de venda, o indicador que tem maior impacto sobre a margem de lucro, no bolso do produtor, é o custo de produção. O preço é uma informação muito mais fácil que o produtor tem na mão, monitorado. Já o custo de produção precisa de coletar dados diariamente, uma disciplina do produtor em gestão”, pondera Thiago Rodrigues, Assessor Técnico da CNA, do Campo Futuro
Já o preço de venda, está mais longe do poder de decisão do produtor. Consumidores, concorrentes e custos influenciam na formação de preços de venda, além da conjuntura econômica, recessão, inflação, taxas de juros, o governo e as preocupações sociais.
“A gente tem que ter o olhar tanto para o preço de venda quanto para o custo de produção. A gente sabe que o produtor não tem tanto poder de decisão de preço que está mais na mão do mercado, na oferta e na demanda. O que o produtor consegue atuar no preço fora da porteira: agregação de valor, qualidade. Porteira pra dentro quando é custos, o produtor decide a compra de insumos, os fatores de produção”, explica Paulo Henrique Paiva, Consultor na Labor Rural.
De olho no mercado, tanto de insumos quanto de venda, o produtor rural consegue mensurar com mais clareza como investir na atividade.
“É preciso acompanhar o mercado, ver se ele está demandante ou retraído, com que ele vivencia no dia-a-dia dele dentro da propriedade, que está no controle dele, no nível de investimento que ele pode fazer pra ter o retorno que ele almeja”, analisa Paulo Henrique Paiva.
A gestão de empresas agrícolas é focada muitas vezes nos fatores agrícola e agroindustrial, concentrando técnicas de produção e conceitos operacionais das atividades específicas desenvolvidas. Mas a gestão financeira é fundamental e deve estar entre os pilares para gerir qualquer organização, seja ela urbana ou rural, tendo como objetivo final os lucros. É importante o conhecimento da contabilidade de custos, sob o aspecto de um processo que visa à otimização dos limitados recursos disponíveis para o processo produtivo.
“Apesar da gente ter um trabalho de levar a questão dos números para o produtor, ainda é tímida a discussão de custos da propriedade. Custo de produção é uma impressão digital do produtor, cada propriedade tem seu custo, tem que mensurar seus valores, até pra saber meu preço de venda, será que eu estou vendendo num valor que dá pra cobrir meus custos de produção? Será que está satisfatório? Como olhar os números da atividade, pra ver se eu estou sendo eficiente ou não. O impacto do preço é pequeno comparado ao impacto do meu custo”, afirma Lucas Fonseca, Consultor na Labor Rural.
Para o consultor fatores técnicos e financeiros precisam andar juntos no planejamento e na gestão de qualquer atividade agropecuária.
“Precisa ter gestão dos índices zootécnicos junto aos índices econômicos. Esse é o casamento para uma tomada de decisão acertada”, orienta Lucas Fonseca.