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Estudo mostra expansão sustentável do cacau na região amazônica

Expansão sustentável do cacau na região amazônica combina geração de emprego e renda com preservação da floresta e recuperação

Estudo da Embrapa e instituições parceiras comprovou que a expansão sustentável do cacau tem sido extremamente benéfica para a região amazônica ao combinar geração de emprego e renda com a conservação da floresta. Enquanto o Pará é hoje o maior produtor nacional dessa fruta, com mais de 50% da renda nacional total proveniente da fruta – R$ 1,8 bilhão dos 3,5 bilhões –, 70% da safra é cultivada em áreas degradadas, principalmente por agricultores familiares e em sistemas agroflorestais. Isso resulta na recuperação dessas áreas, em sua maioria convertidas em pastagens, com consequente redução dos incêndios florestais e do desmatamento na região.

O estudo, intitulado “ A expansão sustentável da lavoura cacaueira no Estado do Pará, Brasil e sua contribuição para a recuperação de áreas alteradas e redução de incêndios ” foi publicado esta semana no Journal of Geographic Information System Apresenta uma descrição detalhada da evolução das plantações de cacau em termos de sua expansão histórica, práticas nas propriedades rurais, transições de uso da terra e regimes de fogo.

Segundo o principal autor, o pesquisador Adriano Venturieri , da Embrapa Amazônia Oriental , a área com cacau no estado do Pará vem crescendo nos últimos anos, principalmente na região da rodovia Transamazônica. Há, no entanto, uma dificuldade em mapear essa expansão diante da diversidade dos sistemas de produção que envolvem o cultivo do cacau na região.

“Mapear e monitorar as plantações de cacau usando imagens de sensores ópticos foi um desafio devido às suas características botânicas e arbóreas que podem ser confundidas com moitas (rebrota secundária) e outras vegetações florestais, já que o cacau é normalmente cultivado em sub-bosques de mata nativa, à sua sombra”, o relatórios de pesquisadores. 

O cacau enriquece a floresta

O estudo monitorou e mapeou áreas localizadas nos dez municípios com maior produção de cacau do Pará e corresponde às regiões da Rodovia Transamazônica, Sudeste do Pará, Nordeste do Pará e Baixo Tocantins, utilizando metodologias participativas nas comunidades locais.

Foram analisados ​​dados do  TerraClass – programa desenvolvido em conjunto pela Embrapa e Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais ( Inpe ) que classifica as mudanças de uso do solo na região amazônica – referentes ao período de 2004 a 2014, e imagens de satélite do Prodes , que monitora anualmente o desmatamento no território amazônico brasileiro. “Tais imagens foram cruzadas com informações do CAR e validadas em campo com produtores das diferentes áreas cacaueiras do estado, e então foi possível obter padrões de imagem da lavoura de cacau”, explica o pesquisador do Inpe Marcos Adami, um dos autores do estudar.

Por meio da modelagem e dos padrões de imagem estabelecidos pela análise, o estudo apontou inicialmente para a existência de 70.000 hectares de cacau (até 2019) em 26 municípios paraenses. Como o monitoramento é contínuo e permanente, novos dados analisados ​​após a publicação do estudo já apontam para 90 mil hectares até 2021. “Nossa meta é estar cada vez mais próximos dos números oficiais, mas sabemos das dificuldades para alcançá-los” , afirma Venturieri. A Funcacau financiou o trabalho de identificação das fazendas de cacau no estado.

“Também foi possível verificar que cerca de 21 mil hectares ainda estão sendo mapeados como florestas pelo Inpe (Prodes), apesar de nossos dados de campo identificarem plantações de cacau sombreadas por vegetação nessas áreas”, relata Adami. O pesquisador ressalta que cerca de 88,7% (52.778 hectares) da área plantada de cacau já havia sido desmatada até o ano de 2008, limite de desmatamento definido pelo Código Florestal Brasileiro .

“Isso nos mostra que o cacau não está avançando principalmente para novas áreas florestais. Ele está ocupando áreas anteriormente degradadas e sub-bosques florestais que não foram totalmente desmatados”, acrescenta Venturieri.

Nas áreas com matagais e florestas parcialmente exploradas, as árvores proporcionam sombra às plantações de cacau, característica do cultivo na região amazônica. “A diferença entre o cacau da Amazônia e o cacau de outras regiões do Brasil é que ele é plantado à sombra e não a pleno sol. É interessante perceber que a presença do cacau nessas áreas enriquece a presença da floresta ao manter a floresta fragmentos e evitando o desmatamento”, afirma o pesquisador.

Fabiane Fagundes
Fabiane Fagundes
Jornalista especialista em agronegócio com formação em marketing digital e psicóloga em formação.
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