A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Regional Arroz e Feijão, que fica em Santo Antônio de Goiás, é líder da Projeto IntegraC, que tem a parceria com a Universidade Federal de Goiás, o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento e Sustentabilidade (IABS), a Emater Goiás e o IF Goiano; além de outras regionais da Embrapa envolvidas.
A pesquisa trata sobre o sistema ILP Prato Feito, que utiliza a ideia da Integração Lavoura-Pecuária, com os cultivos de Arroz, Feijão e Bife (pastagem para gado de corte), utilizando a tecnologia para captura de carbono e ainda produzir grãos.
“O projeto surgiu com o objetivo de validar tecnologias para sequestro de Carbono no Cerrado goiano, por meio da intensificação de sistemas de integração como ILP, ILPF e plantio direto na palha. Entre as tecnologias testadas em uma escala de produção média, estão baseadas no aumento da biodiversidade no sistema de produção pelo uso de cultivares de arroz, feijão adaptadas a sistemas de integração e o uso das pastagens”, explica Márcia Thaís Carvalho, pesquisadora da Embrapa Arroz e Feijão, líder do projeto.
Foram utilizadas cultivares de feijão superprecoce, o BRS FC 104, que pode ser colhido com 60 a 70 dias; e o arroz de sequeiro, de terras altas BRS 501 CL. Os pesquisadores utilizaram bioinsumos durante todo o processo, para garantir a sustentabilidade de lavouras.
“No feijão usamos bioinsumos pulverizados nas plantas e solos inoculados na semente, para estimular a fixação biológica de nitrogênio (FBN) e crescimento para substituir a ureia. O arroz cultivamos em consórcio com braquiária para formação de pastagem na seca”.
De acordo com a pesquisadora, a ideia do ILP Prato Feito, é trazer uma alternativa para os produtores, para além do tradicional soja e milho. Além de inserir na área, culturas alimentares em rotação de culturas. “Essa rotação substitui insumos caros como ureia, no caso do feijão e colhendo arroz pra formar pasto ou cobertura pro solo no período de seca no cerrado. Tanto o feijão quanto arroz, são culturas menos exigentes que o milho no uso de Nitrogênio sintético.
Viabilidade do Sistema
O Sistema ILP Prato Feito, segundo a Embrapa, rompe ainda com padrões de produção, traz estratégias para garantir alimentos para a população, além de garantir sustentabilidade econômica e ambiental aos agricultores.
“Em tempos de mudança do clima, estratégias de adaptação da agricultura a extremos ou incertezas de clima são essenciais, quanto maior a biodiversidade do sistema de produção, e isso é o que chamamos de intensificação sustentável, menores são as chances de vulnerabilidade ou perdas econômicas. Em geral sistemas mais biodiversos sobre o solo, aumentam a qualidade e produtividade do solo, que é a base fundamental do sistema produtivo”, afirma a líder do Projeto IntegraC.
Foi nomeado como ILP Prato Feito, porque vai se produzir a base da alimentação brasileira: arroz, feijão e bife, já que os animais se alimentarão da pastagem para conversão em carne.
“Eu produzo o feijão em 60 dias, daí eu planto o arroz com braquiária, colho um pouco de arroz e tenho o pasto para o gado no momento da seca”.
Resultados
Nos cálculos dos pesquisadores, conseguiram resultados de produção de até 4 toneladas de feijão na safra das águas, apenas utilizando a fixação biológica de nitrogênio, sem uso da ureia, nesse sistema de Integração Lavoura-Pecuária. Além de se observar, no arroz e na braquiária, uma maior formação de biomassa nesse sistema, de até 6 toneladas por hectare.
“É um salto de redução no custo de produção e no custo ambiental, pois evita emissão de um potente gás de efeito estufa, o oxido nitroso, relacionado ao aquecimento global, ou seja, há uma significativa redução de perdas econômicas e ambientais, já que o custo da ureia é alto e instável”, analisa.
Futuro do Projeto
Durante três anos, a pesquisa em campo foi executada na Fazenda Capivara, da Embrapa Arroz e Feijão, mas o objetivo é expandir as lavouras experimentais na Emater.
“Agora pretendemos continuar em unidades produtivas junto com a Emater, pra disseminar o manejo do sistema, especialmente o uso de bioinsumos, que tem sido um novo desafio. Assim como o controle de plantas invasoras no sistema e os consórcios de braquiária com outras culturas para aumentar ainda mais a biodiversidade do sistema, como leguminosas”, finaliza Márcia Thaís Carvalho, pesquisadora da Embrapa Arroz e Feijão, líder do projeto.