A guerra entre Rússia e Ucrânia acontece há mais de 10 mil quilômetros do Brasil. Mas os reflexos do conflito já podem ser observados, com a instabilidade no mercado, o que deve impactar o bolso não só dos brasileiros, mas aqui em Goiás também, já que segundo especialistas em economia, os preços de muitos produtos estão ficando mais caros e o que pressiona a inflação.
A Fundação Getúlio Vargas (FGV), fez um levantamento divulgado na última semana, a Sondagem da América Latina, em que ouviu 160 especialistas em 15 países e esses apontaram que existem diversos canais em que a crise entre Rússia e Ucrânia pode chegar à economia brasileira. Nesse sentido, as altas veem por meio de combustíveis, alimentos, insumos de safras e até juros com a influência cambial.
Alimentos
Os dois países, são grandes produtores de commodities como o trigo, milho, cevada, óleo de girassol e farelo de soja; que na sua maioria são cotados em dólar e importantes para a cadeia global de valor, que afeta as cotações no mercado mundial. Só o trigo já subiu mais de 20% no mercado internacional, o que deve elevar preços de produtos muito consumidos pelos goianos, como o pão.
O dólar mais caro também impacta o custo das commodities em geral, resultando em alimentos mais caros. A moeda, chegou a atingir R$ 5 na quarta-feira (23), fechou a sexta-feira (25) a R$ 5,15 depois da ocupação de cidades ucranianas por tropas russas. Se o dólar continuar subindo e pressionando a inflação, o Banco Central pode aumentar a taxa Selic, o que também significa custos mais altos no País.
Combustíveis
A maior pressão até agora é do preço do petróleo no cenário mundial. O barril do tipo Brent fechou a semana em US$ 105, maior nível desde 2014. Especialistas analisam que pode chegar a US$ 150. Nos cálculos da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), após o conflito começar, a defasagem de preços praticados pela Petrobrás atingiu 16% para a gasolina e 14% para o diesel.
A logística brasileira de entrega de alimentos é basicamente rodoviária, com a a alta nos combustíveis. Frete mais caro, o efeito seria o reajuste nos produtos de modo geral.
Fertilizantes
Além disso, Rússia é o maior exportador de NPK, sigla para nitrogênio (N), fósforo (P) e potássio (K), que são os três macronutrientes mais importante para a nutrição das plantas.
Só desses fertilizantes químicos ou adubos, em 2021, o Brasil importou da Rússia 23%, foram mais de 9,2 milhões de toneladas, como mostrou um levantamento do Comex Stat, do Ministério da Economia. Tudo para aumentar a produtividade da safra brasileira. Sem esses fertilizantes, os impactos podem ser custos de produção elevados, queda no volume produzido, menos oferta, preço de toda cadeia sobem, inclusive para o consumidor.