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Agricultores utilizam ‘lodo de esgoto’ para o cultivo de pastagens

Considerado rico em matéria orgânica, o biossólido é produzido a partir do lodo do esgoto adequadamente tratado, gerado durante o processo de decomposição dos esgotos domésticos

O casal de produtores rurais, Rosenei de França Souza (47) e Sérgio Barbosa de Souza (53), proprietários do Sítio Nossa Senhora Aparecida, localizado no Assentamento Rural 21 de Abril, em Cuiabá, participam de um projeto inédito que visa  utilizar  lodo de esgoto sanitário e doméstico e transformá-lo em adubo sustentável.

Os produtores são os primeiros mato-grossenses a testar o produto orgânico denominado biossólido. O adubo foi aplicado no cultivo do capim BRS Capiaçu, em uma área de quatro mil metros quadrados.

Considerado rico em matéria orgânica, o biossólido é produzido pela Águas Cuiabá, a partir do lodo do esgoto adequadamente tratado, gerado durante o processo de decomposição dos esgotos domésticos, também denominado de Projeto “Biolodo – transformando lodo em adubo”.

A Empaer (Empresa Mato-grossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural) escolheu a propriedade rural para o projeto piloto. Outras propriedades rurais serão selecionadas para testar o produto, que possui nutrientes como cálcio, magnésio, nitrogênio e fósforo.

Sustentabilidade

O diretor geral da Águas Cuiabá Willian Figueiredo ressalta que a iniciativa une sustentabilidade e produtividade.

“Estamos falando da destinação segura de resíduos sólidos, exaltando, na prática, a sustentabilidade. Foram quatro anos de preparação, levantando as melhores práticas ambientais, com toda uma equipe multiprofissional envolvida. Estamos muito satisfeitos em fazer mais uma entrega importante para a sustentabilidade na região”, destaca Figueiredo.

O zootecnista da Empaer, Antônio Rômulo Fava, explica ser este um projeto novo para a agricultura familiar, que poderá contribuir para redução de custos e aumento da produtividade. O chamado biossólido, o lodo resultante do processo do esgotamento sanitário doméstico, devidamente tratado, é rico em nutrientes e traz benefícios à produção rural, sendo apto a substituir, em parte, o uso de adubos químicos. O projeto é cientificamente embasado e aprovado pelos órgãos ambientais.

Segundo Antônio Fava, a expectativa é a de que o biossólido possa auxiliar na produção das pastagens e ultrapassar 70 toneladas de massa verde por hectare e corte. Durante o ano, serão realizados quatro cortes, podendo chegar à marca de 280 toneladas de massa verde.

No local, foi instalada uma Unidade de Referência Tecnológica (URT), de pecuária leiteira, que conta também com a parceria do Programa Rem, cujo objetivo é auxiliar os produtores com novas técnicas, integração, manejo de pastagem, alternativas para o gado no período da seca, piquete rotacionado, manejo de ordenha e custo de produção na atividade leiteira.

A aplicação do biossólido com lodo foi realizada no dia 4 de outubro. A avaliação será após três meses. A expectativa é ter o resultado em janeiro de 2023. A propriedade rural receberá um total de cinco toneladas do produto.

O sítio

O Sítio Nossa Senhora Aparecida possui uma área total de 17,6 hectares, sendo 11 hectares de pasto, 2,3 hectares de pasto rotacionado contendo 35 piquetes e plantio de pastagem. A produção chega a 110 litros de leite por dia, no período das águas. São produzidos queijo frescal e requeijão, comercializados nos bairros Pedra 90 e Osmar Cabral, entre outros. O casal trabalha com a pecuária leiteira há mais de 30 anos e estão em Cuiabá desde 2004.

Rosinei Souza explica que no início da atividade era bem difícil e complicado, mas, com a utilização de novas tecnologias e equipamentos, o serviço ficou mais fácil e rápido. Eles possuem um plantel de 32 bovinos leiteiros da raça girolando, com ordenha mecânica.

Ela conta que o curral foi todo reformado com pavimentação, cobertura, placas de energia solar, cerca elétrica e bomba de água. “Somos só nós dois a trabalhar na propriedade, um ajudando o outro. Com essas facilidades, sobrou mais tempo para organizar outras áreas. Hoje posso dizer que o trabalho dos técnicos da Empaer mudou nossa vida e os considero membros da minha família, pela mudança e melhoria que fizeram em nossa propriedade”, ressalta Rosinei Souza.

Fabiane Fagundes
Fabiane Fagundes
Jornalista especialista em agronegócio com formação em marketing digital e psicóloga em formação.
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